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29 DE MARÇO DE 2012

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A candidatura que Portugal apresentou, em conjunto com mais seis países, recoloca o nosso País no

centro destas questões da dieta mediterrânica.

Lamenta-se, apesar de tudo, a desistência de última hora da Argélia a esta candidatura. Porquê? Porque é

importante. Esta é uma candidatura que certamente servirá para estreitar as relações entre o Mediterrâneo sul

e o Mediterrâneo europeu e é uma candidatura que naturalmente mostrará que este espaço geopolítico ainda

tem muito que dar ao mundo.

Mas esta candidatura é também o reconhecimento de que a dieta mediterrânica é uma dieta importante do

ponto de vista do equilíbrio que hoje é necessário para uma alimentação saudável.

A dieta mediterrânica pode servir, se bem preservada e difundida, no combate à obesidade, porque é uma

dieta à base essencialmente da proteína e da gordura vegetal, e pode também ter um papel importante no

combate à fome, porque, como sabemos, é feita de produtos com alto valor calórico, como, por exemplo, os

frutos secos.

Portanto, num momento em que, do ponto de vista da discussão política, a alimentação ganha

centralidade, é fundamental que esta candidatura chegue a bom porto e que naturalmente esta Assembleia,

com este debate, possa dar o seu contributo.

Mas esta candidatura é também o reconhecimento dos nossos sistemas agrários tradicionais, da nossa

pequena agricultura, da nossa paisagem policultural e é também (e muitas vezes não se diz) o

reconhecimento daquilo que é a nossa pesca artesanal, a nossa pequena pesca, a pesca de costa, a nossa

alimentação à base do peixe fresco, dos mariscos e também da nossa salicultura tradicional.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.

O Sr. Miguel Freitas (PS): — Assim sendo, Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, queremos deixar aqui

uma palavra de felicitação ao CDS por ter trazido este tema à Assembleia da República. Queremos deixar

também uma palavra de felicitação a todos aqueles que deram um contributo para que esta candidatura fosse

apresentada (ela está a caminho de Paris, exatamente neste momento). E permitam-me uma palavra muito

especial ao Deputado António Serrano por ter, enquanto Ministro da Agricultura, lançado esse grande desafio

ao País.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula

Santos.

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Desde 2010, a dieta mediterrânica

consta da lista indicativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO, por iniciativa conjunta de Espanha,

Itália, Grécia e Marrocos.

Manifestamos o nosso apoio à integração de Portugal nesta candidatura.

A candidatura da dieta mediterrânica a património da humanidade vai ao encontro da valorização, do

reconhecimento e da preservação das nossas tradições gastronómicas, dos nossos produtos agrícolas e

piscícolas, associadas às vivências populares e às raízes culturais das populações do nosso País.

Para além da sua mais-valia no plano gastronómico e cultural, esta candidatura representa uma grande

relevância ao nível da saúde e da promoção da alimentação saudável. Diversos estudos apontam as

qualidades desta dieta na prevenção de doenças, nomeadamente cardiovasculares e cancerígenas.

A incorporação da dieta mediterrânea no dia a dia dos portugueses é um elemento central que deve estar

presente nesta candidatura. Não basta afirmar e valorizar a dieta, é preciso que esteja integrada nos hábitos

alimentares dos portugueses, pois essa é a melhor forma de a preservar e de a perpetuar no futuro.

Atendendo até aos aspetos de saúde, é importante a disseminação da dieta mediterrânica, por exemplo nas

cantinas e refeitórios escolares e nos locais de trabalho, seja da Administração Pública ou do sector privado.

Infelizmente, a adoção de uma alimentação saudável está cada vez mais distante das famílias portuguesas

não por opção destas, mas devido aos elevados custos de alguns destes alimentos quando o Governo toma