I SÉRIE — NÚMERO 90
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O Sr. Adão Silva (PSD): — Essa parte da sua intervenção não sou capaz de perceber!
Aplausos do PSD.
Os senhores atiraram o País para o chão, os senhores puseram o País de rastos e obrigaram a assinar um
acordo de financiamento internacional…
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — E assinaram!
O Sr. Adão Silva (PSD): — … e agora dizem que este Governo, que está a reerguer o País, a relançar os
portugueses, é um governo «da demolição»!?
Sr.ª Deputada, há aqui qualquer coisa que não bate certo e tenho a certeza que também não bate certo na
sua cabeça, para lá das necessidades da figuração retórico do seu discurso.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Adão Silva (PSD): — É também figurativo quando diz que este Governo está a ir mais longe do que
a troica. Mas V. Ex.ª e o Partido Socialista já se divorciaram da UGT? É que a UGT, num parecer que acaba
de dar sobre a apreciação da lei laboral, que esteve ontem em discussão, diz uma frase perentória, isto é, que
em nenhuma proposta, a proposta de lei laboral vai além daquilo que estava previsto no Memorando que os
senhores assinaram. Afinal, como é possível este entendimento da parte de alguém que está tão próximo do
Secretário-Geral da UGT?! Não se percebe, Sr.ª Deputada!
Diz V. Ex.ª que há uma insensibilidade social, que a despesa social está a apertar, que não está a apoiar
os mais fracos. Mas V. Ex.ª viu, por acaso, os números da execução orçamental da Direção-Geral do
Orçamento referente ao mês de fevereiro? Se viu, constatará que a sua afirmação não é verdadeira. Porque a
despesa social, sobretudo em pensões, provocada pelo aumento das pensões mínimas — 3,1% —, provocada
pelo aumento do subsídio de desemprego e do rendimento social de inserção, está a crescer de forma
inequívoca, como, aliás, é dito pela Direção-Geral do Orçamento.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Termino, Sr.ª Presidente, com uma palavra de otimismo.
V. Ex.ª diz, e confessa aqui, que o Partido Socialista é um partido responsável, e nós esperamos bem que
seja. Então, diga-nos, no âmbito dessa responsabilidade, como é que vão votar, amanhã, a proposta de lei do
Código do Trabalho.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, agradeço a sua
questão.
De facto, o desemprego pode preocupar-nos a todos e acredito que preocupe a todos sem exceção. A
questão é a atitude daqueles que têm maior responsabilidade perante esses números do desemprego, desde
logo, o Governo.
Entendo que, se há palavra que resume e classifica a entrevista do Sr. Primeiro-Ministro feita ontem, é
mesmo a da resignação. Algumas das frases que pudemos retirar da entrevista do Sr. Primeiro-Ministro são
bem a prova disso. Perante o número esmagador do desemprego jovem, a resposta do Sr. Primeiro-Ministro é
«os jovens devem procurar melhores oportunidades. Há muitos jovens portugueses a procurar oportunidades
noutros mercados e eu não os posso censurar por isso».