O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

13 DE ABRIL DE 2012

43

Não é a imigração que é um problema, é a ilegalidade em que estão muitos desses trabalhadores que

constitui, de facto, um grave problema social.

A proposta de lei que o Governo aqui apresenta é a transposição da «diretiva retorno», também chamada,

e justamente, a «diretiva da vergonha». O Governo, ao vir aqui propor a transposição desta diretiva, nos

termos em que a propõe, revela que, efetivamente, não tem vergonha de transpor para a legislação

portuguesa um regime de detenções administrativas ilegais de cidadãos que não cometeram qualquer crime.

Esta proposta de lei, tal como a «diretiva retorno», trata as vítimas como criminosos, não distingue,

efetivamente, como deveria distinguir, aqueles que são responsáveis pela exploração da imigração ilegal, e

que pretendem beneficiar com ela, daqueles que recorrem à imigração ilegal, sendo vítimas dela, porque não

têm condições de sobrevivência nos seus países.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!

O Sr. António Filipe (PCP): — Ao tratar as vítimas da imigração ilegal como se elas fossem os criminosos,

o Governo revela que, de facto, alinha pela «diretiva da vergonha», alinha por perspetivas xenófobas, que

existem, infelizmente, noutros países europeus. Isto é tão absurdo, porquanto o Governo quer adotar para

Portugal uma política de portas fechadas, ao mesmo tempo que há membros do Governo, a começar pelo

Primeiro-Ministro, que aconselham os portugueses a emigrar, porque não têm condições de sobrevivência

neste País, devido às condições que a política deste Governo está a criar a toda uma geração de portugueses.

Aplausos do PCP.

O Governo comporta-se, com esta proposta de lei, como se Portugal estivesse a ser invadido por vagas de

imigrantes, quando aquilo que está a acontecer, infelizmente, são vagas de emigrantes, de muitos jovens, de

muitos trabalhadores portugueses, que, por não terem condições para encontrar meios de sobrevivência em

Portugal, não têm outro caminho que não seja o de procurar a emigração.

Que sinal é que damos a esses portugueses, quando queremos fechar a porta de Portugal a cidadãos de

outros países? Que exemplo, que sinal é que damos aos países que vão ter de acolher os portugueses que

neles procuram melhores condições de vida e de trabalho?

Para concluir, Sr.ª Presidente, queria dizer que esta proposta de lei considera os cidadãos estrangeiros em

várias categorias e, por isso, temos imigrantes de primeira, de segunda e de terceira. Temos os empresários,

os cidadãos estrangeiros que queiram ter empresas em Portugal, a quem o Governo estende a passadeira —

o Governo estende a passadeira aos empresários, mas fecha a porta aos trabalhadores; depois, temos os

imigrantes altamente qualificados, para quem o Governo cria o «cartão azul» e que, em determinadas

condições, podem aceder a Portugal, ou seja, doutores e engenheiros, sim,…

Risos do CDS-PP.

… trabalhadores da construção civil, trabalhadores da hotelaria, eletricistas, não. Em suma, empresários,

sim, doutores e engenheiros, talvez, trabalhadores, não!

Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Estamos perante um retrocesso em matéria de

políticas de imigração, a que os Srs. Deputados do CDS, pelos vistos, acham muita piada, pois estão fartos de

se rir, mas nós não achamos piada absolutamente nenhuma e entendemos, há muito, que ninguém beneficia,

ninguém, com uma legislação que mantém milhares de trabalhadores, em Portugal, em situação ilegal, porque

isto constitui um flagelo social não apenas para os próprios mas para o conjunto da sociedade portuguesa.

Esta política, dita de portas fechadas, é uma política que acaba por incentivar a ilegalidade da imigração e

fazer com que, para muitos imigrantes e para muitos portugueses, isto seja, de facto, um flagelo social,

quando podia não ser.

Entendemos que Portugal, como todos os países do mundo, só tem a ganhar com práticas e políticas

legislativas migratórias que sejam realistas, que tratem as pessoas com a dignidade que merecem,

Páginas Relacionadas
Página 0036:
I SÉRIE — NÚMERO 95 36 disponibilidade dos partidos do consenso europ
Pág.Página 36
Página 0037:
13 DE ABRIL DE 2012 37 prestação de cuidados de saúde, dando especial atenção às pe
Pág.Página 37
Página 0038:
I SÉRIE — NÚMERO 95 38 estrangeiro, tornando-se por isso necessário,
Pág.Página 38
Página 0039:
13 DE ABRIL DE 2012 39 imigrantes e que permite, inclusivamente, a detenção de cria
Pág.Página 39
Página 0040:
I SÉRIE — NÚMERO 95 40 A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Ainda par
Pág.Página 40
Página 0041:
13 DE ABRIL DE 2012 41 A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Julga mal!
Pág.Página 41
Página 0042:
I SÉRIE — NÚMERO 95 42 A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para apre
Pág.Página 42
Página 0044:
I SÉRIE — NÚMERO 95 44 independentemente da nacionalidade, e que não
Pág.Página 44
Página 0045:
13 DE ABRIL DE 2012 45 O que é isto, Sr. Ministro? O que é que significa exatamente
Pág.Página 45
Página 0046:
I SÉRIE — NÚMERO 95 46 O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Numa palavra, os
Pág.Página 46
Página 0047:
13 DE ABRIL DE 2012 47 O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Até porque, Srs. Deputa
Pág.Página 47
Página 0048:
I SÉRIE — NÚMERO 95 48 os mesmos procedimentos e não tenha sido debat
Pág.Página 48
Página 0049:
13 DE ABRIL DE 2012 49 Vozes do PS: — Muito bem! A Sr.ª Ana Catarina
Pág.Página 49
Página 0050:
I SÉRIE — NÚMERO 95 50 Vozes do CDS-PP: — Exatamente! O
Pág.Página 50
Página 0051:
13 DE ABRIL DE 2012 51 O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Termino, Sr.ª Presidente, d
Pág.Página 51
Página 0052:
I SÉRIE — NÚMERO 95 52 muito menos com a proposta de lei! Porque, ent
Pág.Página 52
Página 0053:
13 DE ABRIL DE 2012 53 Segundo ponto, Sr. Deputado António Filipe: V. Ex.ª, que fez
Pág.Página 53
Página 0054:
I SÉRIE — NÚMERO 95 54 A próxima sessão plenária realizar-se-á amanhã
Pág.Página 54