13 DE ABRIL DE 2012
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O que é isto, Sr. Ministro? O que é que significa exatamente isto senão uma submissão a uma política de
regressão na integração dos imigrantes?
E é por isso que o nosso entendimento é exatamente o oposto: é o humanismo, é o respeito, é a dignidade
dos homens e das mulheres que aqui vivem, aqui trabalham, aqui pagam os seus impostos, aqui descontam
para a segurança social, aqui têm e criam os seus filhos! Estes homens e estas mulheres merecem respeito,
por isso a nossa resposta vai exatamente em dois sentidos.
Em primeiro lugar, vai no sentido de «desfazer» a regra geral do efeito devolutivo das decisões. E é por
isso que propomos que se consagre o efeito suspensivo, nomeadamente em situações de expulsão! Não pode
uma situação desta natureza implicar que não tem retorno quando o imigrante dela recorre! Portanto, o efeito
suspensivo destas decisões, nomeadamente em caso de expulsão, é a melhor oportunidade de assumir que
reforçamos os direitos destas pessoas!
E, fundamentalmente (para nós, esta é a questão principal), não há nenhuma razão para os milhares de
vidas suspensas, sujeitas ainda hoje à irregularidade, à clandestinidade. Não há nenhuma razão para que
estes homens e estas mulheres que trabalham, que fazem os seus descontos, que pagam os seus impostos,
que não têm problemas com a justiça, que não são perseguidos por qualquer crime, que são homens e
mulheres como nós, não possam ver a sua situação regularizada, não possam ver reconhecido o seu direito
pleno a fazer parte deste País.
E menor razão haverá, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados, para que a situação das crianças e dos jovens
aqui nascidos ou que frequentam o nosso sistema de ensino não seja regularizada. Essa é, para nós, uma
prioridade absoluta: enquanto houver uma criança, um jovem sujeito à irregularidade, sujeito à
clandestinidade, este Parlamento deverá ter vergonha, porque a democracia não é completa. Para nós, esta
situação relativamente às crianças e aos jovens é verdadeiramente inaceitável.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Peixoto.
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Em
pouco tempo, o Governo pôs em marcha várias medidas legislativas destinadas a modernizar o País e a torná-
lo mais atrativo aos olhos do mundo. Com a Lei da Arbitragem Voluntária, a lei da concorrência, a lei das
insolvências e este novo regime da chamada Lei da Imigração, o País está a acompanhar as novas dinâmicas
e realidades da vida, tornando-se mais competitivo, mais atrativo, mais aberto, mais atuante e mais rápido a
pensar e a agir.
O que até há pouco tempo era visto como uma ameaça à nossa soberania — e falo exatamente do
fenómeno da imigração — e à nossa segurança coletiva, ao nosso mercado de trabalho e à nossa economia,
passa agora a ser visto como uma oportunidade para o desenvolvimento económico do País e para a
captação de capital humano, e já agora financeiro, de valor acrescentado para Portugal.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Mas essa oportunidade, Sr.as
e Srs. Deputados, também é um enorme
desafio ao qual temos que ser — e estou certo que estamos a ser — capazes de responder.
É bom lembrar que, presentemente, há cerca de 440 000 estrangeiros a residir em Portugal, menos 15 000
do que em 2009, ano em que a crise se agravou ou se manifestou com a atual severidade.
Ninguém tem dúvidas de que sem o contributo dos emigrantes a população portuguesa teria decrescido
com algum significado nestes últimos anos. E, caso se mantenham os níveis tradicionais de imigração, prevê-
se que em 2060 haja 50 a 100 milhões de trabalhadores a menos, o que não deixa de ser alarmante. A Europa
está a envelhecer e Portugal não está a rejuvenescer ao ritmo necessário.
O Sr. António Filipe (PCP): — Assim também não rejuvenesce!