I SÉRIE — NÚMERO 101
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A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Vera Rodrigues.
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro das Finanças, a política orçamental está,
de facto, na ordem do dia.
Nunca se debateram tanto e com tanto entusiasmo teorias económicas e até conceções mais ou menos
filosóficas do que deve ser a ação e a intervenção no Governo na condução do Estado e dos destinos do País,
mas também nunca os portugueses tiveram tão presentes, mais do que essas mesmas teorias, os resultados
práticos e efetivos das erradas opções que foram sendo assumidas.
Tomemos como referência a política orçamental do Partido Socialista e os efeitos que produziu: défices
consecutivos acima dos 3%; dívida pública num crescimento galopante e insustentável; desconfiança por parte
dos mercados em relação à capacidade de Portugal cumprir; uma taxa de desemprego em contínuo
crescimento, ultrapassando a barreira dos 8% no governo de José Sócrates; incapacidade de o Estado honrar
os compromissos com os seus fornecedores; recessão; pedido de ajuda financeira e perda da nossa
autonomia.
Vozes do CDS-PP: — Exatamente!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — A análise crua destes resultados e desta realidade é o falhanço das
políticas orçamentais expansionistas do Partido Socialista que nos trouxeram até aqui e que hoje,
paradoxalmente, ainda defendem.
O CDS, ao contrário da oposição, não consegue nem pode ignorar a evidência de que a dívida crescente e
os problemas inerentes aos défices excessivos estão na origem de vários dos problemas que sentimos hoje e
estão a criar um ciclo vicioso difícil de contrariar:…
Vozes do CDS-PP: — Exatamente!
O Sr. Luís Fazenda (BE) — A dívida está a aumentar!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — … o agravamento da própria crise da dívida soberana, os
constrangimentos que essa mesma dívida cria e coloca à banca portuguesa, o efeito negativo no crédito à
economia e as consequências negativas sobre as taxas de crescimento e de desemprego
Porém, por outro lado, a política orçamental que este Governo segue começa a produzir resultados.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Nota-se…!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Portanto, Sr. Ministro, gostaria que nos explicitasse quais são, afinal,
as previsões e as expetativas do FMI e da União Europeia em relação ao resultado da política orçamental que
este Governo está a seguir e que, do nosso ponto de vista, é a única via para que efetivamente possamos vir a
criar um crescimento sustentável?
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Cristóvão Crespo.
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro das Finanças, neste debate, o PSD e o
CDS-PP, partidos que apoiam ao Governo, estão confortáveis. Não estão satisfeitos, porque somos exigentes,
mas penso que este é um momento importante.
De facto, o que o Governo nos disse há nove meses foi que o ano de 2012 ia ser um ano difícil. Portanto,
todos os portugueses, neste Plenário e no País, tinham consciência de que o ano de 2012 não ia ser um ano
fácil, mas difícil, porque aconteceram todos os descalabros no governo que nos antecedeu.