28 DE ABRIL DE 2012
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Tenho enfatizado que, se não escolhemos a crise em que vivemos, podemos
escolher os termos em que a venceremos e em que restauraremos a nossa economia, a nossa autonomia e a
nossa liberdade.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É disso que estamos a tratar quando implementamos um ambicioso programa
de transformação estrutural na sociedade portuguesa.
Tenho atribuído bastante destaque a várias iniciativas, mas quero hoje enfatizar a relevância de todo o
processo de transformação a que estamos a assistir na área da justiça no contexto desse programa ambicioso
de reformas e de transformações que estamos a realizar.
O importante para o País — como ainda hoje de manhã enfatizei, justamente na abertura de uma iniciativa
promovida pelo Governo sobre a agenda de transformação estrutural no contexto do programa de ajustamento
que estamos a realizar — é conseguirmos aproveitar esta oportunidade para remover os obstáculos ao
crescimento da economia. Nessa medida, as reformas que viermos a fazer não podem ser de cosmética, não
podem ser intervenções superficiais que, no fundo, garantem que tudo continua na mesma. O importante é ir
ao fundo dos problemas e, dentro do tempo que nos destinámos para promover essa agenda de
transformação que sustentará novamente o crescimento do emprego e da nossa economia, reformar
profundamente as estruturas que mais têm contribuído para que esse crescimento não se efetive.
Ora, há muito que sabemos que a justiça, ao longo de vários anos, não tem dado um contributo positivo
nem para o sentimento de equidade na sociedade portuguesa nem para o crescimento da nossa economia. As
pessoas sentem, de há muitos anos a esta parte, que a justiça é demasiado lenta, demasiado morosa. As
instituições acabam muitas vezes por perder a respeitabilidade aos olhos dos cidadãos quando demasiado
tarde aparecem os seus resultados práticos.
Por essa razão, o programa de transformação da justiça foi construído para responder a estas
necessidades e a dois grandes objetivos. Em primeiro lugar, garantir que a justiça está efetivamente ao serviço
dos cidadãos e também da economia, sem a qual a realização das expetativas dos cidadãos não se pode
concretizar. A justiça, nessa medida, não pode ser vista à parte dos restantes mecanismos económicos que
promovem o crescimento. Em segundo lugar, a justiça tem de ser célere e dar o exemplo de parcimónia.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Por essa razão, temos estado muito envolvidos num processo intenso que
compreende desde já o novo Código da Insolvência e da Recuperação das Empresas (CIRE), que esteve em
discussão, foi aprovado e publicado.
No âmbito do novo CIRE, pretendeu-se sobretudo fazer esta primeira conjugação de esforços entre a
intervenção da justiça e a necessidade de podermos ter um tecido económico que privilegie a recuperação das
empresas que são viáveis e não arraste demasiadamente a morte das empresas inviáveis.
Ora, o processo especial de revitalização que está previsto e que agora está em condições de poder ser
complementado, tal como aqui referi, com o programa Revitalizar é a melhor garantia de que teremos uma
justiça que privilegia a opção de dar a oportunidade aos diversos credores de, em vez de complicarem a vida
aos trabalhadores e às empresas, as poderem defender através de um processo especial que, justamente,
promove a recuperação das empresas e que, portanto, promove a recuperação da nossa economia.
Este processo, do ponto de vista legislativo na área da justiça, está completo e, do ponto de vista do que
são os instrumentos que devem seguir a par do lado da economia, nomeadamente os planos regionais de
revitalização que preveem a disponibilização de fundos para recapitalização de algumas das empresas que
apresentam — como as PME — estruturas de capital muito deficientes ou desequilibradas, estará em
condições de arrancar a partir do mês de maio, dado que até ao final de abril, nos termos da reestruturação
dos fundos estruturais que está a ser concluída, estará já totalmente provisionado.
Vozes do PSD: — Muito bem!