3 DE MAIO DE 2012
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Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.as
e Srs. Deputados, nada melhor, a este respeito, do que dar a palavra
a quem sabe do que fala.
«Já parou para pensar por que é que existem descontos? O desconto só existe para se poder baixar um
preço que estava caro. Se ele já estivesse barato, não eram preciso descontos, não é verdade? E com as
promoções é a mesma coisa. O preço sobe e desce, sobe e desce». Quem assim explica, de forma simples e
direta, como funcionam as promoções é o próprio Pingo Doce, num dos seus anúncios.
Que fique, pois, claro: o que aconteceu, ontem, não foi uma promoção; foi uma campanha política e foi uma
operação ilegal.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — De duas, uma: ou o Pingo Doce vendeu, ontem, abaixo do custo, para
esmagar a concorrência e prejudicar os consumidores no futuro, ou apresenta margens de lucro de 50% nos
outros 364 dias do ano.
Aplausos do BE.
Como dizem os ideólogos liberais, tão do agrado do dono da Jerónimo Martins e deste Governo, «não há
almoços grátis». A promoção de ontem vai sair cara, demasiadamente cara, aos consumidores, aos
trabalhadores e à economia.
O que a Jerónimo Martins fez foi vender abaixo do preço do custo. E quebrou a lei: porque ou vendeu com
prejuízo, o que é ilegal, ou obrigou os seus fornecedores a venderem abaixo do custo, o que também é ilegal.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Perguntemos, pois: porque arrisca a Jerónimo Martins tal operação ilegal?
Simplesmente, porque sabe que este Governo protege sempre os «donos de Portugal».
Dissemo-lo aqui, quando debatemos a Lei da Concorrência: de nada vale uma lei que não belisca a grande
distribuição.
O Governo fechou os olhos. Criou uma plataforma para a autorregulação — a PARCA — que é parca de
nome e de resultados. O Ministro da Economia «chuta» para a Ministra da Agricultura, a Ministra da
Agricultura «chuta» para as calendas. A grande distribuição ri, impune, cada vez mais poderosa.
O Bloco de Esquerda entregou, hoje mesmo, dois requerimentos para ouvir o Ministro da Economia e a
Ministra da Agricultura.
Protestos do Deputado do PSD Carlos Abreu Amorim.
É preciso que fique claro que o Governo vai garantir todas as condições à ASAE (Autoridade de Segurança
Alimentar e Económica) para que investigue o sucedido.
O que aconteceu, ontem, põe a nu a verdadeira natureza do Grupo Jerónimo Martins: humilhação dos
consumidores, abuso sobre os trabalhadores, concorrência desleal, esmagamento da produção nacional e
poder, sobretudo, poder — todo o poder, nenhuma responsabilidade.
O silêncio do Governo, nesta matéria, fala mais do que qualquer palavra. É a voz da cumplicidade ativa.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A Mesa regista a inscrição, para pedir esclarecimentos, dos Srs. Deputados Miguel
Tiago, do PCP, Rui Paulo Figueiredo, do PS, e Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
O Sr. Deputado Luís Menezes, do PSD, acabou de pedir a sua inscrição à Mesa. Pergunto, pois, Sr.
Deputado Luís Menezes se é também para este efeito.