I SÉRIE — NÚMERO 104
10
Sr.as
e Srs. Deputados, é caso para dizer que, depois da homenagem em Bragança, decide o Partido
Socialista fazer assim a devida homenagem, em Lisboa, na Assembleia da República, a quem, como e quando
nos trouxe aqui,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — … daquele e daqueles que levaram o País à situação de pré-
bancarrota que este Governo encontrou. Às empresas, levou-as ao desespero; à economia, à recessão e às
famílias — é verdade, Srs. Deputados! — às maiores dificuldades.
Obra pública atrás de obra pública, empresa pública atrás de empresa pública, instituto público atrás de
instituto público, festa atrás de festa — como diria um ex-membro do governo —, despesa atrás de despesa,
até ao dia em que o Estado — faz hoje justamente um ano — não tinha dinheiro para pagar despesas
correntes tais como o pagamento de salários a polícias, a médicos, ou a professores, que são funções
essenciais do Estado.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — O Primeiro-Ministro de então — recordar-se-ão, Srs. Deputados do
Partido Socialista — fez questão de falar ao País anunciando, curiosamente, o que não vinha no acordo e, não
menos curiosamente, omitindo aquilo que vinha no acordo e que este Governo foi obrigado cumprir.
Não deixa de ser extraordinário, revelador mesmo de uma insensatez política, que o partido que nos
conduziu ao estado em que estamos, de pré bancarrota, venha, 10 meses depois, falar da asfixia das famílias
quando criou o maior dos ministérios, um ministério que leva uma verba equivalente àquelas que, em conjunto,
estão destinadas para a educação, para a segurança ou para a solidariedade social, que é o ministério da
dívida pública.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Era preciso um partido da oposição forte, um partido da oposição
que pudesse realmente fazer oposição, trazer ideias novas. Ao que parece, o maior partido da oposição, em
vez de se preocupar em sê-lo, parece preocupar-se com uma espécie de concurso com a sua esquerda mais
à esquerda, procurando, numa fórmula mais polida, mais revisitada, reinventar o discurso que acabámos de
ouvir, do roubo, do assalto, do pacto de agressão, que não é mais do que um assalto, um roubo e uma
agressão…
O Sr. João Oliveira (PCP): — É disso que se trata!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — … às dificuldades e à inteligência dos portugueses que sabem que
não falar com aqueles que nos emprestam dinheiro não é solução para coisa nenhuma, a não ser para o
abismo, que vimos em muitos países há cerca de 20 anos.
Aplausos do CDS-PP.
Não deixa, pois, de ser extraordinária, e até peregrina, esta ideia da parte do Sr. Deputado do Bloco de
Esquerda ao falar no ataque ideológico a bens de primeira necessidade. Revela a desorientação da esquerda
mais à esquerda, numa espécie de concurso para ver quem dispara mais, ao mesmo tempo e com mais força.
Srs. Deputados, os portugueses sabem que os momentos são difíceis. Sabem como nós sabemos, porque
nunca ocultámos ou, sequer, procurámos maquilhar, que aquilo que lhes pedimos são sacrifícios difíceis, que
as famílias vivem tempos difíceis. Mas também sabem quem nos trouxe aqui, porque nos trouxe aqui e o
caminho que nos trouxe aqui, e não deixa de ser surpreendente, tristemente surpreendente, que venha hoje o
Sr. Deputado do Partido Socialista perguntar pelo visto familiar, justamente daquele partido que, durante seis