O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 105

22

Como do último ponto da nossa ordem do dia constam as votações regimentais às 12 horas, não havendo

votações regimentais no fim do debate, vamos interromper os nossos trabalhos e retomá-los a essa hora.

Está interrompida a sessão.

Eram 11 horas e 23 minutos.

Neste momento, reassumiu a presidência a Sr.ª Presidente Maria da Assunção Esteves.

A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, está reaberta a sessão.

Eram 12 horas e 1 minuto.

Srs. Deputados, vamos entrar no período regimental de votações.

Antes de mais, vamos proceder à verificação do quórum, acionando o respetivo mecanismo.

Pausa.

Srs. Deputados, o quadro eletrónico regista 197 presenças, às quais se devem somar, por dificuldades de

registo, as presenças dos Srs. Deputados Miguel Frasquilho e Luís Menezes, do PSD, dos Srs. Deputados

Nuno Santos e Pedro Alves, do PS, e do Sr. Deputado José Manuel Rodrigues, do CDS-PP, o que perfaz 202

Srs. Deputados presentes, pelo que temos quórum de deliberação.

Começamos por votar o voto n.º 60/XII (1.ª) — De pesar pelo falecimento do cineasta Fernando Lopes

(PSD, PS, CDS-PP, PCP, BE e Os Verdes).

Tem a palavra a Sr.ª Secretária, para proceder à respetiva leitura.

A Sr.ª Secretária (Rosa Maria Albernaz): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, o voto é o seguinte:

Fernando Marques Lopes nasceu a 28 de Dezembro de 1935, em Maçãs de Dona Maria, tendo falecido

aos 76 anos.

Uma referência do cinema português, Fernando Lopes era visto por todos como um ser humano generoso,

combativo, sábio, companheiro e amigo. Grande amante da vida, vida que para ele se confundia com o próprio

cinema, abraçou com o mesmo entusiasmo todos os géneros e temas nos seus filmes. Amava os atores e os

autores que tantas vezes e tão bem adaptou para o écran.

Iniciou a sua carreira na televisão, onde exerceu funções na RTP 1, desde a sua inauguração, e onde foi o

responsável pela fundação e posterior direção da RTP 2.

Mas o cinema foi a sua grande causa, assinando mais de 50 obras, nos domínios do documentário e da

ficção.

Em 1959, uma bolsa do Fundo de Cinema Nacional permitiu-lhe obter o diploma de realização de cinema

na London School of Film Technic, no Reino Unido, participando depois em estágios na televisão pública

britânica, BBC, e em Hollywood.

De regresso a Portugal, Fernando Lopes lecionou no Curso de Cinema da Escola Superior de Teatro e

Cinema de Lisboa e dirigiu a revista Cinéfilo.

De todas as suas obras, destacam-se Uma abelha na chuva, Belarmino e O Delfim, sendo que, em Março

deste ano, chegou aos cinemas nacionais a sua última obra intitulada Em Câmara Lenta.

A qualidade e o brilhantismo, assim como a dimensão ética da sua obra foi, por diversas vezes, distinguida,

nomeadamente através da condecoração pelo Governo francês com a Ordem do Mérito Artístico e da

condecoração pelo então Presidente da República, Mário Soares, com a Ordem do Infante D. Henrique.

O realizador, que considerava «beber demais, fumar demais e comover-se demais», deixa um marco na

história do cinema português, deixa um espólio de obras memoráveis e deixa cineastas, artistas e amigos

órfãos da sua generosidade. Com o desaparecimento deste incansável contador de histórias, o cinema

português perde um dos seus grandes defensores, o País fica mais triste e mais pobre.