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I SÉRIE — NÚMERO 110

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O Sr. MiguelTiago (PCP): — Não é verdade!

O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — … o parque natural a todos os visitantes, é diferente da nossa.

O Sr. MiguelTiago (PCP): — Os ricos podem estragar as áreas protegidas!

O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Por isso, Sr. Deputado, quero dizer-lhe que estamos de acordo com as

propostas que aqui fez. Efetivamente, é necessário agilizar o procedimento administrativo. A questão do banco

de voluntariado para as áreas protegidas também nos parece recomendável. Assim, estaremos disponíveis

para, em conjunto com o PSD — porque, pelos vistos, a única preocupação da esquerda não é a preservação

da natureza, mas apenas as taxas —,…

Protestos do Deputado do PCP Miguel Tiago.

… chegar a uma solução de consenso.

Esperemos que o Partido Socialista também se associe, posteriormente, a esta nossa iniciativa.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

Protestos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: A última semana tem sido marcada pela

irresponsável cacofonia de responsáveis europeus sobre o futuro da Grécia. A julgar pelas incendiárias

ameaças do eixo da austeridade permanente, os problemas da Grécia parecem ter começado agora, nas

últimas eleições. Parece que os gregos insistem neste empecilho, fora de moda, de querer decidir o seu futuro,

mas avisa Durão Barroso que «as decisões democráticas da zona euro devem ser tidas em conta».

Onde Durão Barroso fala de «decisões democráticas da zona euro», deve ler-se «respeitinho», o

respeitinho que é devido às imposições alemãs sobre o destino de um país e de um povo da União. Foi assim

quando Papandreu quis marcar um referendo sobre as medidas de austeridade e acabou por sair do governo,

entregando o poder a um primeiro-ministro que não tinha sido eleito; e foi assim, quando, vez após vez, a

Chanceler alemã apareceu a querer ditar a agenda política da Grécia.

Só nos últimos dias, a principal revista alemã antecipou a saída da Grécia do euro. Este mesmo cenário foi

também admitido candidamente pela diretora do FMI. E as agências de notação falam em descidas massivas

dos ratings dos países da União. A pressão sobre a Grécia é cada vez mais sufocante.

Quem quer que tenha chegado agora à Europa e assista a este triste espetáculo pode até julgar que estava

tudo a correr sobre rodas na Grécia e que, agora, inesperadamente os gregos decidiram estragar a festa.

Não fosse o crescimento eleitoral dos partidos de esquerda e, com mais sacrifício ou menos sacrifício, tudo

estava bem encaminhado. Mas a verdade é que, desde que o país ficou refém de um acordo suicidário com o

FMI e a União Europeia, a produção da Grécia caiu mais de 10 pontos, o desemprego já afeta 23 em cada 100

cidadãos e um em cada dois jovens está desempregado. Mas isso, agora, parece não interessar nada.

É que aos gregos não resta outro destino que não cumprir o acordado — esta foi a ameaça deixada pelo

Ministro das Finanças alemão —, um acordo que é inegociável, disse, em nome de uma suposta estabilidade

do euro.

Não! Repito: não, Srs. Deputados! Entendamo-nos: não são os gregos que ameaçam o euro. A ameaça ao

euro é outra: é a intransigência de Merkel e dos seus clones, ao impor o sacrifício coletivo dos povos europeus

para proteger os ativos do sistema financeiro. Como disse hoje mesmo o líder da coligação de esquerda

grega, Syriza, «não é a resistência grega que está a ameaçar a zona euro, mas a austeridade da troica».

Só há uma solução para a crise do euro: crescimento económico, criação de emprego. O que não é

possível, nem sustentável, nem viável, é manter países condenados anos e anos a fio à recessão, sem fim,

sem qualquer esperança à vista.