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I SÉRIE — NÚMERO 110

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O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Ana Drago, antes de lhe colocar uma

pergunta, começo por registar o silêncio dos «partidos da troica», porque, depois de uma intervenção como a

que fez, é significativo que a troica nacional não queira pedir esclarecimentos, nem sequer tomar posição

perante aquilo que foi dito.

Sr.ª Deputada Ana Drago, é um facto que a situação na Grécia, tal como a situação em Portugal, confirma

não só o potencial destrutivo dos pactos da troica assinados nestes dois países e aos quais foram submetidos

estes dois países, mas também que estes pactos não se destinavam como não se destinam a resolver

qualquer dos problemas centrais dos dois países.

O agravamento de todos os problemas nacionais na Grécia, como em Portugal, confirmam o falhanço

destes pactos, que se propunham resolver os problemas nacionais, como sejam os problemas da dívida, da

dependência externa e dos défices orçamentais ou os problemas económicos e sociais destes países. É que

estes «pactos de agressão» aos povos e aos países agravaram estes problemas nacionais e apenas serviram

para resolver os problemas do capital financeiro e dos grandes grupos económicos, para os quais estão a ser

desviadas as quantias fabulosas que estão, neste momento, a ser roubadas aos trabalhadores e aos povos,

em Portugal como na Grécia.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Poder-se-á dizer que nada disto é novidade, pelo menos para o PCP.

Aliás, quando foi decidido participar no «pacto de agressão» à Grécia, já dizíamos, no debate parlamentar

realizado nesta Assembleia, o seguinte: «O que está aqui em causa não é uma ajuda, é uma condenação ao

atraso, à dependência e à crise social».

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Foi isto que o PCP disse na altura e, por isso, votámos contra o «pacto de

agressão» à Grécia, com a companhia do Partido Ecologista «Os Verdes». Confirma-se, hoje, que tínhamos

razão em votar contra aquele pacto que estava a ser imposto à Grécia.

Mas, hoje, a situação é muito clara: os gregos, nas últimas eleições, rejeitaram as políticas da troica,

rejeitaram o pacto da troica e, por isso, estão hoje a ser sujeitos, por parte dos responsáveis políticos da União

Europeia, a uma operação de chantagem, dizendo aos gregos que, se insistirem nessas opções políticas,

estarão perante a chantagem da saída da zona euro, perante a chantagem da saída da União Europeia.

Por isso, a luta decisiva que se coloca aos povos na Grécia e em Portugal é a da rejeição destes pactos, é

a luta da rejeição desta chantagem.

Quero colocar-lhe uma questão muito concreta: surgiu nas últimas semanas a ideia de que, perante um

pacto orçamental, que é contra o crescimento, há a possibilidade de lhe acrescentar uma adenda para garantir

o crescimento. Esta é uma ilusão que é preciso desmontar. Não é possível resolver os problemas dos povos

da União Europeia, particularmente os que resultam da aplicação das políticas contra as economias nacionais

e contra os povos, que também estão plasmadas no tratado orçamental, acrescentando-lhe uma adenda, se o

problema, na sua origem, não for resolvido.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Pergunto se o Bloco de Esquerda entende que é com uma adenda sobre

crescimento que se resolve o problema de um pacto orçamental, que é, ele próprio, contra o crescimento.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada Ana Drago, tem a palavra para responder.

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Oliveira, devo dizer que estou

absolutamente pasmada, porque o Bloco de Esquerda tentou trazer ao Plenário desta Assembleia da