I SÉRIE — NÚMERO 114
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Temos algumas dúvidas quanto aos mecanismos que o PCP propõe, nomeadamente quando retira as
receitas da publicidade, pois são as únicas que existem neste momento para o sector do cinema, mas
estamos disponíveis para, em sede de especialidade, trabalharmos também estas propostas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Ana Sofia
Bettencourt.
A Sr.ª Ana Sofia Bettencourt (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A bancada social-
democrata reconhece a necessidade urgente de definição de um novo quadro normativo para as artes e
atividades cinematográficas e audiovisuais. Mas também já dissemos, e repetimos, que, mais do de que leis, o
sector necessita de uma política. E isso, Srs. Deputados, não é o que hoje, aqui, discutimos.
No projeto de lei apresentado pelo PCP, nada consta sobre o apoio à produção, à escrita e
desenvolvimento, à internacionalização. Este projeto minimalista pretende ajudar a resolver um dos problemas
do sector.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Sofia Bettencourt (PSD): — Mas, mesmo as medidas parciais que contempla na sua maioria
não resolvem problema nenhum. Tudo o que é proposto se restringe a salas de cinema, a exibição em sala
multiplex.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas é negativo?!
A Sr.ª Ana Sofia Bettencourt (PSD): — E não tenhamos ilusões: ao contrário do que pretende afirmar,
este projeto subalterniza e dá pouca dignidade ao cinema português.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Não diga disparates!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço que deixem a Sr.ª Deputada concluir a intervenção.
A Sr.ª Ana Sofia Bettencourt (PSD): — Subalterniza, porque substitui o espaço reservado à publicidade
por curtas-metragens e obras de animação,…
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Gosta mais de publicidade!
A Sr.ª Ana Sofia Bettencourt (PSD): — … e não dignifica, porque o faz numa base gratuita e não
remunerada.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Sofia Bettencourt (PSD): — Sendo em substituição, destina-se, com certeza, a quem chega
mais cedo à sala de cinema. E pelo caminho retira-se a receita de publicidade que era exibida e assim já não
poderá ser.
A outra medida supostamente estruturante, ou que o PCP diz sê-lo, que é a criação da obrigação de, numa
programação anual, se garantir pelo menos 10% de sessões dedicadas a longas-metragens nacionais, só
aparentemente se poderá dizer que beneficia o sector.
Sr. Deputado, esta verificação pode ser medida já. Sabe o Sr. Deputado que esta medida, ou uma medida
semelhante a esta, foi aplicada em Espanha? E sabe qual foi o resultado prático da sua aplicação? Os
cinemas decidiram criar sessões às 9 da manhã para garantir o cumprimento desta obrigação!