1 DE JUNHO DE 2012
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Aplausos do BE.
… porque muitos técnicos vieram dizer que era a melhor solução e, portanto, é neutral. Não, não é neutral,
é profundamente ideológico, é uma ideia liberal que tende a ver a mercantilização, a utilização por parte do
mercado, de todos os bens públicos.
O que é extraordinário é que PSD e CDS, hoje, venham aqui, com todas as trombetas, anunciar um projeto
de resolução que diz, preto no branco, que os custos da água ao consumidor, à população em geral, terão de
repercutir os custos reais de produção e tudo aquilo que possa eliminar um défice tarifário, ou seja, a
remuneração da gestão das empresas privadas. Vêm aqui, com asinhas de anjo, dizer-nos que os privados
que ficarão com as concessões são altruístas — aliás, decidiram perder capital — e, portanto, vão entrar para
a gestão privada de quatro multissistemas para perder dinheiro. É evidente que não vão entrar nesses
sistemas para perder dinheiro, vão entrar nesses sistemas para ganhar dinheiro, é uma atividade lucrativa, é
um sistema que visa, à custa do consumidor e da desresponsabilização do Estado, aumentar a divisão social,
o dualismo social, as dificuldades dos portugueses e das portuguesas.
Portanto, sob o pretexto de quererem corrigir erros que vêm de uma gestão errática da Águas de Portugal,
de problemas dos municípios, de subfinanciamentos vários, a alternativa não é corrigir esse sistema público, a
alternativa é dar-lhe um golpe mortal e, sem misericórdia alguma, criar um sistema partilhado por privados.
É verdade que o Partido Socialista já tinha iniciado esse percurso, mas isso não quer dizer que não se
possa arrepiar caminho e não se possa construir um sistema público que não seja deficitário e que, na
realidade, não descarregue nos consumidores e nas populações, particularmente do interior, os custos dessa
operação.
Esse negócio, porque é um negócio à custa de direitos que esta maioria procura empreender hoje, na
verdade, atenta contra direitos fundamentais e representa um aumento brutal do preço da água, porque se
prepara qualquer coisa entre 2,50 € a 3 €/m3, se não for mais. Isto significa, em muitos municípios, aumentos
que rondam 500%, repito, 500%! É isto que se procura fazer a direitos! É a elasticidade do preço! Há um
mercado que não quer saber de direitos!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Altino Bessa.
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Hoje, o debate que estamos aqui
a efetuar, trazido pelo Partido Ecologista «Os Verdes», tem como título «Garante o direito humano à água e ao
saneamento». Efetivamente, com este título não podíamos estar mais de acordo e, deste ponto de vista,
subscrevemos esta iniciativa.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Não parece!
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Porém, não posso deixar de referir algumas respostas que foram dadas
aqui, neste debate, nomeadamente pelo Partido Socialista, através do Deputado Pedro Farmhouse.
O Sr. Ramos Preto (PS): — É uma obsessão!
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Não é uma obsessão, Sr. Deputado, é uma matéria relevante, do ponto
de vista político, que tem a ver com a privatização do Grupo Águas de Portugal, privatização da água que
também não partilhamos. Esta é a nossa posição!
Vozes do PS: —Ah!…
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — A pergunta que fiz ao Partido Socialista foi muito clara: se o Partido
Socialista entende como boa a possibilidade da entrada de privados nas concessões. Não obtivemos resposta
a esta pergunta.