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I SÉRIE — NÚMERO 116

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está esgotado. Foi esta a conclusão a que se chegou rapidamente no decurso das audições que a comissão

parlamentar para a área do ambiente realizou, por proposta do PSD, ainda recentemente.

Foi visível, ao longo de todas as audições, que o modelo português multimunicipal e municipal não só está

esgotado como atingiu um nível de rotura, pelo que todos temos a obrigação de encontrar soluções e

respostas adequadas. Os portugueses sabem que está em causa a sustentabilidade do setor e que algumas

entidades gestoras correm o risco de colapso.

Neste momento, confrontamo-nos com: défices tarifários crescentes; o endividamento elevado do Grupo

Águas de Portugal; o agravamento das dívidas dos municípios para com aquela empresa; a falta de escala

dos sistemas municipais; gritantes disparidades nos tarifários; inadmissível incumprimento das exigências

legais; níveis de perdas de água absurdas; investimentos sobredimensionados; descoordenação entre as

redes em alta e em baixa; e muito dinheiro perdido — cerca de 300 milhões de euros só em perdas de água e,

somando os 700 milhões euros em custos de serviços não recuperados, dá a módica quantia de 1000 milhões

de euros por ano. Repito: 1000 milhões de euros por ano!

Sr.as

e Srs. Deputados: Num País que está em crise, que esteve perto da bancarrota, num País onde se

pedem, todos os dias, sacrifícios aos portugueses, num País onde as famílias passam provações e as

empresas aflições, não é tolerável permitir que 1000 milhões de euros por ano sejam como que levados pela

água.

Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Esta é a hora de honrarmos o compromisso que assumimos, olhos

nos olhos, com os portugueses, de mudar Portugal, e nesta matéria também, promovendo-se a reforma do

sector das águas. Nota disso é o projeto de resolução que apresentamos.

Apelamos a um debate aberto com todos os partidos, em diálogo com as autarquias, descomprometido

face a outros intervenientes e a outros interessados no processo, que possam contribuir para a solução,

porque os problemas já estão identificados.

Por isso, para a reestruturação do sector, apresentamos desde já algumas propostas, nomeadamente: a

fusão dos sistemas, a começar pela alta, passando dos atuais 19 sistemas multimunicipais para 5 novas

entidades. Estes devem agregar as empresas de abastecimento de água e de saneamento, criando ganhos de

escala, gama e eficiência.

Esta reestruturação deve permitir, com os ganhos obtidos, ter uma tarifa uniformizada dentro de cada um

dos sistemas e a verticalização do setor, com integração nas novas entidades dos serviços em baixa geridos

pelos municípios. Estas integrações permitirão economias de processo, ganhos nas perdas das redes e abrir o

caminho para a convergência gradual de tarifas.

A integração total do ciclo da água permitirá ganhos para as populações, garantia de bom serviço a um

preço socialmente compatível; ganhos para os municípios, que deixarão de assumir nos seus orçamentos,

todos os anos, estes custos, numa altura em que também eles têm de consolidar as suas contas; ganhos para

os sistemas públicos, que, ao eliminarem o risco de cobrança, recuperam a capacidade de continuar a fazer

investimentos.

Sr.as

e Srs. Deputados, a titularidade dos serviços é e será pública, e nela se devem manter as redes de

saneamento. O modelo de gestão pode ser aberto, criando-se condições para eventuais concessões de

gestão dos sistemas em alta ou verticalizados.

Importa garantir que, no caso de haver concessões, estas devem ser enquadradas por um novo modelo

regulatório, mais forte, mais independente e mais exigente.

O modelo tarifário, após esta reorganização, deve promover a coesão territorial nas tarifas dos serviços de

água e saneamento, diluindo as assimetrias entre as diferentes regiões; proceder à cobertura integral dos

custos; garantir a sustentabilidade económico-financeira dos sistemas; e esbater o défice tarifário acumulado.

Sobre esta matéria, permitam-me, Srs. Deputados do Partido Socialista, que lhes diga que temos uma tarifa

média de 1,5 €/m3 quando deveria ser de 3-4 €/m

3.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas porquê?!

O Sr. Mário Magalhães (PSD): — Quem o diz é o Sr. Presidente da Águas de Portugal, Pedro Serra,

citado no Diário Económico.