I SÉRIE — NÚMERO 117
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Protestos do PSD e do CDS-PP.
Essa «história da Carochinha» é achincalhante para os portugueses e não tem qualquer fundamento
económico, Sr. Deputado.
Aplausos do PS.
Portugal pertence a uma zona monetária disfuncional, que é uma experiência única na história e que não
funciona. E ou o PSD e o CDS percebem isto, de uma vez por todas, ou acabarão em posições semelhantes
ao PCP, sem qualquer fundamento na realidade.
Perceba, de uma vez por todas, Sr. Deputado!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — O PS já percebeu tudo!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não seja arrogante!
O Sr. João Galamba (PS): — O euro é uma moeda cuja arquitetura institucional nunca existiu, sempre que
foi tentada, acabou.
E isto não é uma questão de falha comportamental, em que os países não estão à altura do que os nossos
vizinhos esperam de nós. Há uma deficiência institucional, pelo que temos, juntamente com outros países (que
é coisa que o PCP não percebe), de transformar esta arquitetura institucional, Sr. Deputado.
Não é possível ter os Estados expostos aos mercados financeiros. Não é isso que acontece em Inglaterra,
no Japão ou nos Estados Unidos da América.
Aplausos do PS.
Os juros são baixos, atingiram, hoje, o nível mínimo, nos Estados Unidos da América, não porque os
Estados Unidos da América são um «país respeitável», tem, sim, a ver com a mecânica da arquitetura
financeira que define essa moeda. Ora, isto é uma coisa que o Sr. Deputado não percebe, que este Governo
não quer perceber e que o CDS jamais perceberá.
Aplausos do PS.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não seja arrogante! Isto é uma vergonha! É muito baixo nível!
O Sr. João Galamba (PS): — Portanto, Sr. Deputado, a crise que hoje vivemos não é uma crise
comportamental. É uma crise que tem três dimensões, e espero que o PSD perceba rapidamente essas
dimensões para se juntar ao PS no combate político para transformar a crise e para nos deixarmos, de uma
vez por todas, dessas lamúrias moralistas, Sr. Deputado.
A crise tem três vertentes. Primeiro, é uma crise bancária, que requer uma união bancária, em que se
desonera os Estados da responsabilidade de capitalizar a banca. Segundo, é uma crise da dívida soberana
que existe porque não há dívida soberana na Europa, porque, ao perder a soberania monetária, os Estados
estão expostos aos mercados financeiros. Isto não acontece em nenhuma zona monetária do mundo, exceto
na zona euro.
A crise da zona euro não é uma crise da dívida, Sr. Deputado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não!…
O Sr. João Galamba (PS): — É que, se fosse uma crise de dívida, a Inglaterra também tinha uma crise da
dívida soberana e não tem, os Estados Unidos da América também teriam uma crise da dívida soberana e não
têm, e o Japão idem, Sr. Deputado.