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I SÉRIE — NÚMERO 121

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A Sr.ª Presidente: — O Sr. Deputado Francisco Louçã ainda dispõe de tempo.

Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, «sacudir a água do capote» é a

estratégia do Governo sempre que está aflito. E percebo bem a sua aflição. Não tem nada a dizer aos

portugueses, um ano depois da troica, sobre qualquer dos problemas essenciais. Como é que vivem as

pessoas? Como é que os jovens, que têm já quase 40% de desemprego, podem responder às dificuldades?

Cá está a sua resposta: 500 € a um arquiteto com mestrado das 9 horas e 30 minutos às 19 horas e 30

minutos.

Espanta-se, portanto, que haja revolta popular?! Espanta-se que em Atenas haja, porque há, eleições, com

certeza, vontade de mudar e de ter um governo que faça frente à troica?! Pois, ouça bem, Sr. Primeiro-

Ministro, que, em Atenas como em Lisboa, como em Madrid, como em Berlim, hoje se sabe que a Europa está

a fracassar. A Espanha colapsou! Não sei se isto não é bem percebido pelo Governo, mas, quando o sistema

financeiro pede 100 000 milhões de euros, ainda não negociou as condições e já fala de um segundo resgate,

quer dizer que a Europa, que não tem mercado interbancário, que não tem suporte contra a especulação, que

não tem resposta à crise financeira, que não cria emprego, que não tem vida económica, está a falhar a todos

os europeus.

E, em Portugal, este Governo é diretamente responsável por ter levado as soluções da troica tão longe

como queria. Veja o retrato do sistema financeiro. A família de José Eduardo dos Santos pode comprar por 46

milhões de euros um décimo de um banco.

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Francisco Louçã (BE): — Concluo, Sr.ª Presidente.

E o Sr. Primeiro-Ministro tem o desplante de nos dizer que, colocando 40 vezes esse valor, são «ações

híbridas». Híbridas, Sr. Primeiro-Ministro?! Os portugueses sabem o que quer dizer «híbrido». Quer dizer que

vão pagar! E vão «pagar com língua de palmo»! Vão pagar todos os cêntimos desse dinheiro! Vão pagar em

aumentos dos custos, em aumento dos impostos, em aumento das dificuldades, em aumento do desemprego,

em aumento da precariedade! Isso é o que o País tem sofrido.

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, por favor.

O Sr. Francisco Louçã (BE): — É por isso que é tão importante a alternativa que possa trazer sensatez à

Europa e sensatez a Portugal. Mas isso não passa por «sacudir a água do capote», Sr. Primeiro-Ministro.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, quando chega a este

debate e diz que o Memorando da troica está a criar uma posição mais favorável para o País, demonstra que

está no alto do seu pedestal e que não tem a perfeita noção do que se passa cá por baixo.

Desde que foi assinado o Memorando da troica — diga-se, da responsabilidade do PS, do PSD e do CDS

—, há pessoas, no seu País, Sr. Primeiro-Ministro, que abandonam tratamentos e cuidados de saúde, porque

está tudo mais caro e as pessoas têm menos dinheiro. Há pessoas que abandonam o ensino, porque está

tudo mais caro e as pessoas têm menos dinheiro. Há pessoas que racionam a comida, Sr. Primeiro-Ministro,

porque está tudo mais caro e as pessoas têm menos dinheiro.

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Exatamente!

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