I SÉRIE — NÚMERO 125
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O Sr. Primeiro-Ministro: — … e é o que estamos a fazer!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Nota-se!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É preciso pôr em marcha um processo credível de redução da despesa
pública, e é o que estamos a fazer!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Pois, nota-se!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É preciso reformar as fontes de financiamento à economia, no sentido de uma
diversificação mais apropriada a uma economia moderna e aberta e incentivando o empreendedorismo, e é
isso que estamos a fazer!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mais conversa!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É preciso liderar um processo ordeiro, sereno e transparente de
recapitalização dos bancos nacionais, e é o que estamos a fazer!
É preciso credibilizar o Estado português, as instituições públicas nacionais e a nossa economia, no
contexto do Programa de Assistência Económica e Financeira e do diálogo construtivo e leal com os nossos
parceiros internacionais. É o que estamos a fazer e é o que continuaremos a fazer!
Neste breve elenco do que tem sido a ação do Governo em alguns domínios, que reflete o seu desígnio
reformista e o seu inconformismo com os bloqueios e as fontes de travagem ao progresso e à justiça social,
que se foram multiplicando em Portugal nos últimos anos, não vejo matéria para censura. Vejo, sim, razões
para sermos ainda mais ambiciosos. Vejo, sim, razões para sermos todos ainda mais exigentes com as
instituições públicas, com os líderes empresariais e também, é claro, com o Governo, no fundo, para sermos
mais exigentes connosco próprios.
Vejo, além de tudo o resto, razões para termos esperança no futuro. É que é aqui que se joga o nosso
futuro: na capacidade, na inteligência e na criatividade com que atacamos as causas das nossas atuais
dificuldades; na vontade que temos de mudar; no desejo consequente — repito, consequente — de nos
tornarmos num País próspero, aberto, confiante em si mesmo, com oportunidades e justiça para todos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP, de pé.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, a Mesa regista a inscrição de 19 Srs. Deputados para
formularem pedidos de esclarecimento. Identifico, desde já, o primeiro grupo de inscritos deste conjunto, que
esgota todos os grupos parlamentares: os Srs. Deputados Jerónimo de Sousa, do PCP, Luís Fazenda, do BE,
António Serrano, do PS, Heloísa Apolónia, de Os Verdes, Luís Montenegro, do PSD, e Nuno Magalhães, do
CDS-PP.
Entretanto, a Mesa foi informada de que o Sr. Primeiro-Ministro responderá, autonomamente, ao Sr.
Deputado Jerónimo de Sousa e, depois, responderá, em conjunto, aos cinco Srs. Deputados deste primeiro
grupo.
Assim sendo, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, ao ouvi-lo, lembrei-me de um
facto que ocorreu durante a campanha eleitoral, numa visita que fez a uma escola, em que uma criança lhe
perguntou se ia cortar os subsídios de Natal e de férias. O Sr. Primeiro-Ministro, na altura, candidato a
Primeiro-Ministro, dizia: «Não! Não penses nisso! Isso são coisas da oposição, do PS. Não vamos cortar os
subsídios de Natal e de férias».
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Era um disparate!