I SÉRIE — NÚMERO 126
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É com este espírito também que olhamos para a realização deste Conselho Europeu, sabendo nós que ele
é o resultado de um ano de discussão interna acerca das medidas que podem estimular um maior crescimento
económico na Europa, mas também sabendo que quaisquer que sejam as decisões deste Conselho Europeu,
continuaremos a ter em Portugal a responsabilidade de transformarmos as nossas estruturas e o nosso País,
porque — e essa foi uma visão também ela do passado — não há milagres. Não será nenhuma cimeira
europeia ou qualquer conselho europeu que se substituirá à responsabilidade de governarmos o nosso País,
de o transformarmos e de nos prepararmos para as dificuldades que temos pela frente.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, o Governo revê-se no projeto
de resolução que o PSD e o CDS-PP apresentaram sobre a questão da construção europeia, a propósito, e
oportunamente, do Conselho Europeu que terá lugar amanhã.
Parece-nos ser importante enfatizar os passos que temos dado e os que estão ao nosso alcance poderem
vir a dar com este com Conselho Europeu durante os próximos meses.
De acordo com um consenso muito alargado, que foi estabelecido no âmbito da União Europeia, ainda
durante o ano passado, bem refletido nas conclusões do Conselho Europeu que teve lugar no início de
dezembro de 2011, a Europa precisa de completar a sua arquitetura institucional com a aprovação dos
tratados que foram ratificados nesta Casa com o aprofundamento do semestre europeu, ao mesmo tempo
privilegiando mecanismos de maior interação e legitimação democrática que resultam de uma aproximação
maior entre o Parlamento Europeu e os parlamentos nacionais, no acompanhamento do processo do semestre
europeu, mas precisamos também de apontar um caminho e uma estratégia de transformação da nossa
economia na Europa que seja promotora de melhor competitividade, criação de emprego e crescimento da
nossa economia.
Foi conferido um mandato específico ao Presidente do Conselho Europeu, ao Presidente da Comissão
Europeia, e, portanto, também à Comissão Europeia, e, em simultâneo, ao BCE para prepararem uma visão
de futuro que nos permitisse olhar com mais otimismo para o processo de construção europeia.
Esse trabalho tem vindo a intensificar-se e tem beneficiado da interação da generalidade dos países
europeus, tendo Portugal contribuído também para esse debate.
O Governo mostrou interesse em que a sua participação nesse debate não resultasse apenas da sua
estrita visão, mas pudesse beneficiar de uma visão mais alargada, em particular alargada ao Partido
Socialista, que é, inevitavelmente, um dos partidos fundadores da construção europeia em Portugal.
Por essa razão, empenhei-me pessoalmente, apesar de todos os considerandos e de múltiplas matérias
que estavam em conflito, quer com as nossas convicções, quer com o nosso entendimento sobre o que é o
consenso europeu possível, em viabilizar um projeto de resolução, apresentado pelo Partido Socialista, que,
mesmo significando um denominador mais pequeno do que aquele que julgávamos — e eu continuo a
acreditar que é possível alcançar um mais largo —, permitisse, em boa-fé, criar condições para aprofundar
essa discussão na sociedade portuguesa, no Parlamento português e, em particular, nos partidos que
representam o arco de aposta fundacional na União Europeia.
Não foi impossível chegar a vários entendimentos, mas como o Sr. Deputado anotou, e muito bem, não foi
possível que estivéssemos de acordo com tudo. E, como não estávamos de acordo com tudo, o Partido
Socialista disse «o Governo não dá o consenso necessário e, não estando de acordo com todas as posições
do Partido Socialista, o Governo rompe o consenso».
Com esta atitude, que eu lamento profundamente, o Partido Socialista ajudou a evidenciar aquilo que nós
tínhamos procurado minimizar quando viabilizámos no Parlamento o seu projeto de resolução. É que há muito
mais que nos une na visão europeia do que aquilo que nos divide. E aquilo que hoje é mais percetível é o que
nos divide e não aquilo que nos une, e eu lamento isso profundamente.
Vozes do PSD: — Muito bem!
Resultados do mesmo Diário
do PSD. Diz o Sr. Deputado, a propósito do BCE: «queremos um papel mais ativo para o BCE
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, sem que o BCE faça esse empréstimo direto aos estados. Isto tem alguma lógica? Quem é que se anda, afinal
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por isso! O Sr. Primeiro-Ministro: — A Sr.ª Deputada perguntou também porque é que o BCE empresta aos bancos
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