I SÉRIE — NÚMERO 127
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É uma escolha na redução do nível de cobertura, é uma escolha na diminuição da qualidade do
desempenho de serviços públicos.
Isto são factos e, além de lamentáveis, são indesmentíveis.
Mais factos, Srs. Deputados: facto é que nestes 12 meses os hospitais estão a atender cada vez menos
doentes dentro dos prazos recomendados; facto é que nestes 12 meses apenas um terço dos hospitais
confirma oferecer as consultas mais urgentes dentro do prazo legal estipulado de um mês; facto é que nestes
12 meses, dos 51 hospitais que ofereciam as consultas prioritárias em 2 meses, agora, só metade cumpre os
prazos; facto é a degradação da situação das farmácias continua e agrava-se mês após mês, sendo que o
acesso aos medicamentos está mais difícil; facto é que a situação de insolvência dessas farmácias pode
determinar que, já este ano, mais de 2000 postos de trabalho sejam postos em causa.
É um facto que este Governo reduziu drasticamente o transporte de doentes e que tal situação coloca em
causa a saúde de muitos utentes, de muitos portugueses.
É um facto que a atual política é responsável pelo aumento brutal das taxas moderadoras.
É um facto que Paulo Mendo, ex-Ministro da Saúde, do PSD, disse que «deixou de haver algum pudor e o
ataque ao SNS passou a ser à bruta e às claras».
É um facto que o Observatório Português dos Sistemas de Saúde e a Ordem dos Médicos dizem que o
«racionamento chegou à saúde».
É um facto que o Prof. Manuel Antunes também disse que «querem aposentar o SNS».
O que é facto, Srs. Deputados, é que esta governação na saúde falhou e passou a ser um fracasso,
transformando-se num desastre nacional.
Esta governação está a destruir aquele que é um dos principais pilares da democracia, o Serviço Nacional
de Saúde. Mas o PSD e o CDS sempre foram nesta linha e, agora, verdadeiramente, não querem reforçar e
fortalecer o SNS, querem, sim, decapitar o SNS.
O que o País requer não é o enfraquecimento do SNS, nem a sua decapitação, mas, sim, a sua defesa e a
sua melhoria.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — O Deputado que se segue na ordem das intervenções é o Sr. Deputado João Serpa
Oliva.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. João Serpa Oliva (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O artigo 64.º, n.º 2, alínea
a), da Constituição da República Portuguesa refere expressamente que o direito à proteção da saúde é
realizado «Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições
económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito».
O quadro legal que rege a prestação de cuidados de saúde à população portuguesa garante a proteção da
saúde, em si mesma, como um direito dos indivíduos e da comunidade, em cuja efetivação há uma
responsabilidade conjunta dos cidadãos, da sociedade e do Estado, alicerçada na liberdade de procura e de
prestação de cuidados de saúde.
Neste quadro determinante, cabe ao Estado promover e garantir o acesso de todos os cidadãos aos
cuidados de saúde, nos limites dos recursos humanos, técnicos e financeiros existentes, sem prejuízo dos
regimes e medidas especiais que se mostrem necessários para os mais desfavorecidos.
O acesso às prestações de saúde, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, é subordinado a propósitos de
equidade na distribuição de recursos e na utilização de serviços, sem prejuízo de uma cautelosa gestão dos
recursos disponíveis.
Custa-me, por isso, ouvir a demagogia e a forma como, levianamente, perdoem que vos diga, se abordam
determinadas matérias que considero de crucial importância.
Já uma vez aqui disse, e repito-o, que me custa imenso que não se perceba que do outro lado não está
uma ponte, não está um automóvel, não está uma autoestrada, está um ser completamente fragilizado, que é
diabético, por exemplo, e que nos ouve aqui dizer que queremos acabar com o Serviço Nacional de Saúde e