I SÉRIE — NÚMERO 128
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arrogância de maioria governamental. Não entendeu que era necessário ir à microeconomia, ir às empresas e
ouvi-las! É isso que aqui está, foi o que fizemos, aliás, depois de uma longa experiência de diálogo com as
empresas.
Veja a última comunicação da Confederação do Comércio, veja a última comunicação da Confederação
Portuguesa das Pequenas e Médias Empresas! É que aí, sim, aí é que podem estar algumas coisas destas!
Mas, no Compromisso,… Nada está executado, Sr. Deputado.
Este era um contributo, eventualmente modesto, para refletirmos sobre esta matéria. Podíamos aprovar
algumas medidas importantes para que o Governo as pudesse executar. O Sr. Deputado fez uma deriva que,
com franqueza, este debate não merecia. Há um tempo para a chicana política e um tempo para as coisas
sérias. Este é o tempo das coisas sérias.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Basílio Horta, o Partido Socialista
agendou, hoje, um conjunto de propostas cujo objeto central são as empresas exportadoras ou, melhor, as
empresas exportadoras e as empresas potencialmente exportadoras.
Sem pretender formular qualquer juízo de valor sobre as iniciativas do Partido Socialista, sempre se dirá
que, face às políticas que têm vindo a ser implementadas, sobretudo, mas não só, pelo atual Governo
PSD/CDS-PP, as pequenas e médias empresas estão a viver problemas muito complicados. E não são
apenas as pequenas e médias empresas exportadoras ou potencialmente exportadoras, é a generalidade das
pequenas e médias empresas. Os encerramentos e as falências sucedem-se a um ritmo assustador,
remetendo milhares e milhares de pessoas para o desemprego. E a verdade é que as políticas do Governo
não estão a ajudar nada; bem pelo contrário, o Governo tem vindo a dificultar a vida às pequenas e médias
empresas, como se está a verificar pelo aumento do IVA na restauração, por exemplo, de 13% para 23%,
cujos resultados são desastrosos.
Para além disso, e a agravar a situação, não há quaisquer medidas de apoio às PME, que estão a viver um
verdadeiro sufoco. E é verdade que as pequenas e médias empresas podem ter um papel importante no
volume das nossas exportações, tanto mais que a quebra acentuada que se está a verificar na procura interna,
tanto ao nível do consumo como do investimento, não está a ser compensada pelas exportações. Basta
atender aos números de 2011 e verificar que o aumento das exportações não chegou, sequer, a representar
metade da quebra da procura interna, o que, naturalmente, veio agravar a crise económica e social.
Mas, para além disso, é preciso ter ainda em conta que o motor das exportações está a falhar, como se vê
nos números de abril deste ano, pois o aumento ficou-se pelos 2,8%, relativamente a período homólogo do
ano passado, e vai, certamente, piorar, na sequência da recessão espanhola, porque a Espanha, como se
sabe, é o grande destino das nossas exportações.
Estamos de acordo com o Partido Socialista, quando diz que a atividade exportadora associada às
pequenas e médias empresas se encontra profundamente condicionada, sobretudo pela falta de
disponibilidades, que atinge o insuficiente capital social dessas pequenas e médias empresas, mas a situação
fica ainda mais negra se tivermos em conta que o crédito às empresas, nomeadamente às pequenas e médias
empresas, tem sido muito reduzido, por parte da banca, o que está a levar à falência de milhares de pequenas
e médias empresas, fazendo disparar os números do desemprego.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Como estava a dizer, falta crédito à economia e, a ser assim, a nossa economia caminha a passos largos
para um beco sem saída.
A este propósito, Sr. Deputado Basílio Horta, uma vez que o Partido Socialista é um dos subscritores do
Memorando com a troica, gostava que o Sr. Deputado esclarecesse uma questão que muito interessa aos
portugueses.