O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 129

54

calhar, deixaram de fazer sentido?» Perguntemos aos britânicos se extinguiram ou não a caça à raposa.

Perguntemos, em Espanha, se acabou ou não a tourada na Catalunha. Olhemos para outros Estados, que,

sem sequer extinguirem a atividade tauromáquica, estabeleceram como princípio a necessidade de ela

respeitar o não sofrimento infligido aos animais, como acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, que

também penso ser um exemplo que pode ser citado e que é relevante para o debate que estamos a ter.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua.

O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Concluo, Sr. Presidente.

Evoluímos na perceção do respeito que devemos ter por animais que são capazes de sentir sofrimento. É

isso que estamos a discutir.

Devemos ou não manter uma atividade respeitável que tenha raízes na nossa sociedade, que tenha raízes

em vários pontos do País, mas não em todo o País — vários pontos do País não se reconhecem nestas

atividades —, mas não está em discussão a sua extinção, está em discussão, sim, sabermos se, na relação

que queremos estabelecer enquanto projetando os nossos valores na existência condigna dos animais,

podemos não saber o que é garantir essa existência condigna. Mas há casos em que sabemos aquilo a que

não corresponde, e, seguramente, infligir sofrimento para espetáculo de terceiros não corresponde a uma ideia

de dignidade na qual nos possamos rever.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina

Martins.

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não é sem espanto que vejo os partidos

que acabaram com os feriados e que reduziram a política cultural a uma anedota a defenderem tantas

tradições e a cultura! Bem, são coisas que acontecem aqui, na Assembleia da República.

Lamento que a arrogância dos partidos da direita não lhes tenha permitido pelo menos ler os projetos de lei

que o Bloco de Esquerda aqui apresentou, porque eles não proíbem a tourada, não proíbem os espetáculos

tauromáquicos. O que os diplomas do Bloco de Esquerda preveem é escolhas sobre o que são os usos dos

recursos públicos, dos dinheiros públicos, dos meios públicos, incluindo a RTP, e achamos que esses meios

não devem estar ao serviço de um espetáculo que inflige sofrimento animal. É sobre meios públicos que

falamos.

E também atualizamos a Lei da Televisão para que o canal aberto não possa transmitir um espetáculo

tauromáquico antes das 22 horas e 30 minutos, como, aliás, tribunais portugueses também já disseram. E não

sei se ficam muito espantados, mas em Espanha, com fortes tradições tauromáquicas, crianças não podem

assistir a esses espetáculos. E a TVE também não os transmite.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não transmite porque não tem dinheiro para pagar os direitos.

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Portanto, Sr.as

e Srs. Deputados, não é um problema de tradição ou de

ataque, é um problema de escolhas, é um problema de olhar o futuro.

Os Srs. Deputados deram também conta de uma contradição fundamental: é que, de facto, aquilo que

mexeu tanto com as bancadas da direita, que tanto as enervou hoje, é estarem em causa os apoios públicos

aos espetáculos tauromáquicos. E quem, durante tanto tempo, negou que esses apoios públicos existissem…

Vê-se bem que eles existem e quão importantes eles são. E para quem fala tanto de mercado, tudo isto não

deixa de ser caricato. Não sejam cínicos, Srs. Deputados! Querem dinheiros públicos para as touradas? Nós

achamos que isso não tem sentido. É isso que está aqui em cima da mesa.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues) — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa

Apolónia.

Páginas Relacionadas
Página 0047:
5 DE JULHO DE 2012 47 Aplausos do PCP. O Sr. Presidente (Guilh
Pág.Página 47
Página 0048:
I SÉRIE — NÚMERO 129 48 Lembramos as declarações de Miguel Macedo, na
Pág.Página 48
Página 0049:
5 DE JULHO DE 2012 49 tratando-se a tourada de uma tradição milenar, não se insinua
Pág.Página 49
Página 0050:
I SÉRIE — NÚMERO 129 50 No caso da caça, temos, em Portugal, cerca de
Pág.Página 50
Página 0051:
5 DE JULHO DE 2012 51 Entendemos que as normas legais que regulamentam a proteção d
Pág.Página 51
Página 0052:
I SÉRIE — NÚMERO 129 52 A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — Os autores
Pág.Página 52
Página 0053:
5 DE JULHO DE 2012 53 A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — Por isto, o que o BE preten
Pág.Página 53
Página 0055:
5 DE JULHO DE 2012 55 A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as<
Pág.Página 55