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12 DE JULHO DE 2012

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momento excecionalmente sério que vivemos, temos de ser claros nas nossas ideias, claros nas nossas

propostas, claros na nossa visão para o futuro.

Enfrentamos uma crise grave, com contornos que não têm precedentes nas últimas décadas. Durante anos

formou-se uma economia e uma sociedade agudamente dependentes do financiamento externo. Os défices, a

dívida, as necessidades de financiamento, foram crescendo sem fim à vista. Durante uns tempos foram

solução para todas as deficiências e para todos os adiamentos. Substituíram as decisões difíceis, o trabalho

árduo e a reflexão estratégica sobre as nossas lacunas e as nossas verdadeiras necessidades. Esconderam

mal as nossas carências e deixaram-nos para trás no progresso das nações. Depois, tudo isso chegou ao fim,

como era inevitável.

O nosso País foi, como sabemos, vítima de todos estes desequilíbrios. Gradualmente, o País ficou refém

da sua estagnação, da sua imobilização, da sua dívida. Para uma economia tão dependente dos empréstimos

do exterior como era a nossa, as dificuldades no acesso ao financiamento produziram um choque

violentíssimo, cujas consequências não se fizeram sentir apenas nesse instante, mas ao longo de muito tempo

e afetando todos os cantos da economia e da sociedade. Acresce que os nossos problemas são o resultado

de uma combinação particularmente perniciosa de desequilíbrios orçamentais, desequilíbrios externos e

bloqueios estruturais. As consequências diretas e indiretas dessa combinação são os males concretos que os

portugueses enfrentam todos os dias: o desemprego, as dificuldades das empresas, os sacrifícios das

famílias. Não tenhamos dúvidas de que foi um embate muito violento. E que o caminho difícil que começámos

a trilhar nos foi em grande medida imposto por estas circunstâncias, que os primeiros passos desse caminho

devem conservar uma consciência viva dos perigos que então ameaçavam o nosso modo de vida e o nosso

estado social, e que poderiam por em causa irreversivelmente as nossas aspirações como pessoas e como

povo, se não atalhássemos.

Foi preciso suster tanto quanto possível esse embate terrível que o País sofreu. E foi preciso começar a

preparar o País para nunca mais termos de passar por algo de semelhante. Tivemos recentemente a

oportunidade de fazer um balanço do primeiro ano de atividades deste Governo. Foi um ano em que fomos

forçados a responder a uma emergência financeira em condições progressivamente mais adversas, mas foi

também um ano em que claramente expusemos a nossa visão para o futuro da economia portuguesa e um

ano em que insistimos numa ideia crucial: cada resposta para emergências mais imediatas deve ser

simultaneamente um elemento de uma estratégia mais ampla que nos coloque num rumo novo, mais capazes

de nos adaptarmos a choques e de aproveitarmos as oportunidades do futuro.

Ao contrário de outras ocasiões na nossa história recente, tivemos de fazer tudo isto num contexto europeu

de grande incerteza e num momento em que alguns dos nossos parceiros tradicionais experimentam

dificuldades tremendas. Não vale a pena iludir o facto de que este ambiente internacional adverso desacelera

a nossa recuperação. Mas esse facto incontornável não deve promover em nós uma atitude de resignação ou

de desistência. Não deve fazer-nos remeter todas as nossas esperanças para acontecimentos mais ou menos

miraculosos que porventura nos aliviassem das nossas responsabilidades e que fossem um substituto da

mudança que é necessária.

Por um lado, as mudanças são imprescindíveis, se queremos olhar para o futuro com confiança e com

esperança.

A agenda de reforma estrutural e a democratização da nossa economia desempenham um papel central,

não só na preparação do crescimento e do emprego com bases sólidas e duradouras, mas também na

edificação de um País mais justo, mais aberto, com oportunidades para todos.

O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Por outro lado, temos a possibilidade e o dever de contribuir para a

estabilização e para o bem do ambiente externo, em particular do contexto europeu, num diálogo que tem de

conciliar os interesses de 27 democracias.

Devemos ser interlocutores nesse diálogo com a firmeza serena que permite ponderar todas as

circunstâncias e todas as consequências. Com a firmeza serena que não transige no interesse nacional, nem

vacila no interesse europeu. Com o nosso esforço e com a nossa participação, temos de continuar a dar um