12 DE JULHO DE 2012
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O Governo olha para este seu segundo ano de mandato com a determinação de quem reconhece a
gravidade do momento, de quem não teme a dimensão das tarefas que estão por fazer e de quem aceita com
honra e responsabilidade o mandato conferido pelo povo português.
Sabemos que a rapidez e a credibilidade do nosso ajustamento nos têm valido condições de financiamento
do Estado mais favoráveis do que eram há um ano; ou uma correção do défice externo que superou todas as
previsões, a ponto de agora o Banco de Portugal estimar o equilíbrio iminente da nossa balança comercial
pela primeira vez desde há várias dezenas de anos. Mas também não ignoramos que a evolução do
desemprego foi mais gravosa do que inicialmente se anteviu e que precisamos de combatê-lo mais
eficazmente.
Sabemos que existem riscos consideráveis associados ao nosso plano de consolidação orçamental, mas
também sabemos que aquilo que está mais diretamente sob o controlo do Governo, isto é, as despesas das
administrações públicas e do sector empresarial do Estado, está a ser reduzido a um ritmo não menos
considerável.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sabemos que para o Orçamento do Estado para 2013 teremos de desenhar
medidas equivalentes, em termos de consolidação, às que foram rejeitadas pelo Tribunal Constitucional. Duas
das nossas soluções foram declinadas pelo órgão que, no nosso Estado de direito, faz a interpretação
soberana da Constituição. Iremos, pois, propor um Orçamento do Estado para 2013 que respeite, sem
ambiguidades, a letra e o espírito da decisão do Tribunal Constitucional, o que quer dizer um Orçamento que
efetue a conciliação entre, por um lado, o princípio da equidade, tal como este foi definido no acórdão, e, por
outro, o cumprimento cabal do Programa de Assistência Económica e Financeira, cuja importância, de resto, o
Tribunal Constitucional bem sublinhou.
No entendimento do Governo, essas soluções que tinham sido propostas para o período de vigência do
Programa de Assistência atendiam mais adequadamente a todos os equilíbrios que é preciso ter em conta
quando se aborda este problema em circunstâncias como as nossas. No entanto, se é inegável que a decisão
do Tribunal Constitucional levanta problemas que temos de superar para alcançarmos as nossas metas
orçamentais em 2013 e nos anos seguintes, também não faremos dela um pretexto para desistir ou fracassar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Serão, portanto, encontradas medidas que sirvam o mesmo objetivo orçamental e que cumpram os
requisitos determinados pelo Tribunal Constitucional. Além disso, tudo faremos para que sejam o menos
penalizadoras para os portugueses quanto possível e minimizaremos o impacto geral sobre a economia que
elas possam ter.
Sabemos também que precisamos de manter o diálogo, como sempre temos procurado fazer, com os
parceiros sociais, com as restantes instituições políticas e sociais e com os partidos políticos, em particular
com o maior partido da oposição. E aqui deixo um desafio ao Partido Socialista. Um desafio para que o PS
assuma as suas responsabilidades e participe construtivamente no âmbito da quinta revisão regular do
Programa de Assistência Económica e Financeira e da preparação do próximo Orçamento do Estado.
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Lanço este desafio em nome da responsabilidade de todos os agentes
políticos, da credibilidade externa que temos vindo a recuperar e, sobretudo, do interesse comum dos
portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Com o início da transformação estrutural e da democratização da
economia, fica mais próximo o futuro melhor que todos ambicionamos. Os grandes objetivos que o Governo