I SÉRIE — NÚMERO 136
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de rumo.» Mas não, ele insistirá, como já o fez, em que a receita é boa, que só falta mais uma dose de veneno
e que a espiral de recessão não existe sequer.
Não tem limites o desejo de vingança contra o trabalho e contra a democracia desta direita.
Afinal, o Governo zangou-se muito com o Tribunal Constitucional, porque este resolveu fiscalizar a
Constituição. Irritaram-se porque o Tribunal Constitucional ousou convidar a Constituição a fiscalizar as
políticas do Governo. Isto irritou-os profundamente. É um fraco argumento para quem não sabe sequer o que
é equidade e para quem, afinal, se incomoda com o funcionamento da democracia.
Contra o maior ataque ao direito ao trabalho e ao salário não há resposta senão a mobilização social e este
é o compromisso do Bloco de Esquerda e de todos os portugueses e de todas as portuguesas.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — No dia 15 de setembro, no dia 1 de outubro, em todas as jornadas de luta,
enfrentar o Primeiro-Ministro…
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Isso é só o que vocês sabem fazer!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — … enfrentar o Primeiro-Ministro como cidadãos e como cidadãs, como pais
e como mães, para lhe dizer, olhos nos olhos: «Ah, pois não, Sr. Primeiro-Ministro, esta história não acaba
assim,…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — … porque não baixaremos os braços até destruir as políticas deste
Governo, até destruir a austeridade cega, que nos rouba a vida e o futuro dos nossos filhos».
Está na hora de aqueles que podem fazer sacrifícios e ainda não fizeram nenhum sacrifício, os fazerem.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima declaração política, que é a última da tarde, é a da Sr.ª Heloísa Apolónia,
de Os Verdes.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os Verdes vão abordar
um assunto diferente mas também grave.
De qualquer forma, face à situação que se vive e àquilo que foi anunciado ao País, não poderei deixar de
fazer uma consideração geral sobre estas temáticas que aqui têm sido discutidas, nesta declaração política,
guardando depois o pormenor para o debate com o Sr. Ministro das Finanças.
Queria, então, começar por dizer que Portugal tem ardido das mais diversas formas: arde, em brutais
dimensões, do ponto de vista florestal, mas também do ponto de vista social e económico.
Mais 80% de área ardida, em relação ao mesmo período do ano passado, mais de 73 000 hectares de
floresta ardidos. São dados que exigem uma absoluta preocupação e uma urgente ação.
A tendência dos governos tem sido, de forma incompreensivelmente desresponsabilizadora, escudarem-se
nas condições climatéricas secas e quentes, propícias à deflagração de incêndios, estes, quantas vezes,
inaceitavelmente, de origem criminosa.
Mas remeter a culpa para o clima é o mais ineficaz. É este o clima que temos e que, no mundo, se está a
contribuir para construir. Numa altura em que todos os acordos relativos ao combate às alterações climáticas
falham entre os líderes políticos, é também às consequências desse clima que temos de saber dar respostas
mais imediatas e mais eficazes.
A componente do combate aos fogos florestais é muito relevante. Tão relevante que se torna inaceitável a
não disponibilização de meios adequados, como sucedeu este ano na Madeira, bem como a descoordenação
de operações no terreno, que aconteceu no Algarve. São fatores que geraram maior dimensão da gravidade e