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I SÉRIE — NÚMERO 3

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Srs. Deputados, vamos passar ao voto n.º 76/XII (2.ª) — De pesar pelo falecimento do cantor Luiz

Fernando de Sousa Pires de Goes (PSD, PS, CDS-PP, PCP, BE e Os Verdes), que vai ser lido pelo Sr.

Secretário.

Faça favor.

O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:

«Luiz Goes, uma das principais referências da canção de Coimbra e um dos artistas portugueses com

maior currículo e projeção internacional, faleceu, no passado dia 18 de setembro.

Nascido em 1933, em Coimbra, Luiz Fernando de Sousa Pires de Goes licenciou-se em Medicina, em

1958, tendo exercido a profissão de estomatologista, em paralelo com a carreira artística.

Iniciou-se no fado por influência do tio paterno, Armando Goes, contemporâneo de Edmundo Bettencourt,

António Menano, Lucas Junot, Paradela de Oliveira, Almeida d' Eça e Artur Paredes.

Aos 14 anos, era já considerado um ‘menino-prodígio’, sendo acompanhado à guitarra por Artur Paredes

em festas e reuniões de convívio de antigos estudantes do liceu João III.

Foi nesta escola, que também frequentou, que conheceu José Afonso, com quem deu um novo rumo ao

fado de Coimbra, dando início a um novo género musical, a balada.

Pertenceu ao Orfeon Académico, onde foi solista, ao Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra

(TEUC), colaborou com, entre outros organismos, a Tuna Académica e o Coral das Letras da Universidade de

Coimbra (CELUC).

Grava o seu primeiro disco em 1953 acompanhado à guitarra por António Pinho Brojo e por António

Portugal, e por Aurélio Reis e Mário de Castro à viola.

No final da década de 50, formou o Coimbra Quintet, com os instrumentistas António Portugal, Jorge

Godinho, Manuel Pepe e Levy Batista. O disco Serenata de Coimbra (1957) é um dos álbuns mais populares

da música portuguesa. Este quinteto teve uma projeção ímpar, tanto nacional como internacionalmente, mas

uma vida breve.

Terminado o curso de Medicina, Luiz Goes mudou-se para Lisboa. De 1963 a 1965 prestou serviço militar

na Guiné, na guerra colonial, como alferes-médico, retomando, a seguir, a sua carreira artística.

E é nesta segunda fase da sua obra que vai ter a colaboração, embora sob pseudónimo, do guitarrista

Carlos Paredes, mas também de João Bagão, António Toscano, Aires de Aguiar, Jorge Tuna, Leonel Neves,

Fernando Alvim, Fernando Neto, Durval Moreirinhas, entre tantos outros.

Além de intérprete, Luiz Goes foi também poeta, sendo da sua autoria 25 fados e 18 baladas, dos quais se

podem destacar: Fado da Despedida, Balada da Distância, Canção do Regresso, Homem Só, Meu Irmão,

Romagem à Lapa ou É preciso Acreditar.

Recebeu as mais altas distinções, entre as quais a de Grande Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, a

Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra, a Medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Cascais e o

Prémio Amália Rodrigues em 2005, na categoria Fado de Coimbra.

Luiz Goes sempre foi uma voz livre e mítica da canção de Coimbra e, ao partir, deixa-nos a esperança de

‘quem vier, que creia neste mundo ou não, aqui sonhe o mundo que os filhos terão.’

A Assembleia da República, reunida em Plenário, invoca a memória, a voz única, o poeta, ‘o homem bom’,

de Luiz Goes e apresenta à sua família as mais sinceras condolências.»

A Sr.ª Presidente: — A Mesa apresenta também os cumprimentos à família, que se encontra presente nas

Galerias.

Srs. Deputados, vamos votar este voto de pesar pelo falecimento de Luiz Goes, que acabou de ser lido.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Srs. Deputados, pedia-vos que guardássemos 1 minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.

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