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2 DE FEVEREIRO DE 2013

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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Pela nossa parte, insistiremos na renegociação da dívida.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Primeiro-Ministro, quero ainda colocar-lhe uma outra questão.

Tem havido muita discussão ideológica em torno da questão «mais Estado ou menos Estado». Tem havido

uma campanha do Governo criando a ideia de que os sacrifícios são para todos, de que há uma equidade de

sacrifícios.

Ora, a questão que lhe quero colocar tem a ver com um assunto que considero uma vergonha. No dia em

que o BPI apresenta lucros de 249 milhões de euros, os maiores desde 2007, sendo uma parte desses lucros

(160 milhões de euros) resultantes dos ganhos com a compra de dívida pública, o presidente do Banco vem

dizer aos portugueses que ainda podem aguentar mais sacrifícios, sacrifícios ao nível dos sem-abrigo: «Se os

sem-abrigo aguentam, por que é que os demais portugueses não aguentam?»

Este senhor expressou de uma forma cruel aquilo que é uma conceção do capitalismo, a mesma conceção

que levou um ministro japonês a considerar que se devia matar os mais velhos porque são um encargo para o

Estado.

O que lhe quero perguntar é se não considera uma vergonha que um banco tenha estes lucros fabulosos,

depois de ter conhecido um processo de recapitalização de 1300 milhões de euros, quando, simultaneamente,

reduz o número de trabalhadores em 258 e quando, hoje, os portugueses estão confrontados com menos

Estado para os doentes, menos Estado para os desempregados, menos Estado para os reformados, mas mais

Estado para a banca.

Não quero convencê-lo de coisa alguma, pois sei que isto não é um engano, é uma opção deste Governo

estar do lado dos poderosos, do lado da banca, essa é uma fixação que têm, levando os portugueses a uma

situação dramática, de tragédia social, que existe hoje no nosso País.

O que gostaria de dizer-lhe é o seguinte: cale-se para sempre com esse embuste da equidade dos

sacrifícios! Este Governo está do lado de quem mais tem e mais pode, atingindo quem menos tem e menos

pode. Essa é que é a realidade!

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra para responder.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, tenciono continuar a

pronunciar-me livremente em Portugal. Portanto, não leve a mal, mas não é o Sr. Deputado que me manda

falar ou que me manda calar.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não foi nada disso que se disse!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Ao longo dos tempos, o Partido Comunista criou uma história em que os

portugueses não acreditam, que é a de que o mundo ideal deve ser vivido sem setor financeiro,…

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não!

O Sr. Primeiro-Ministro: — … a menos que ele seja do Estado. Essa é a visão do Partido Comunista,

provavelmente. Não é a minha visão, Sr. Deputado. E não é a visão da esmagadora maioria dos portugueses.

O Sr. António Filipe (PCP): — O Estado é só para dar dinheiro aos bancos?!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Assim, quando se trata de garantir estabilidade no sistema financeiro, falamos

sempre de coisas muito sérias e sensíveis,…

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ah, pois é!

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