I SÉRIE — NÚMERO 61
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Vozes do PSD: — Ah!
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — É uma ameaça?!
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, a próxima intervenção é do CDS-PP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Ministros, Sr.ª Secretária de Estado, Sr.as
e Srs.
Deputados: A nosso ver, Sr.ª Presidente, este debate é, de facto, urgente e importante. Urgente, porque é
importante, em consenso social e político, termos políticas e medidas alternativas para combater algo que a
todos deve preocupar, que é o desemprego. Portanto, todas as propostas vindas de todas as bancadas, mas
especialmente do maior partido da oposição, seriam bem-vindas.
Para além de urgente, este debate é também, a nosso ver, importante, porque finalmente esta Câmara e,
mais importante, os portugueses ficariam a saber o que é o conceito de austeridade inteligente.
Por isso, creio que, no fundo, este debate seria importante para perceber como é que o maior partido da
oposição — partido que governou, em 13 dos últimos 15 anos, o nosso País e que negociou e assinou, em
nome de Portugal, o Memorando de Entendimento, que exige da parte de todos os portugueses inúmeros e
difíceis sacrifícios, que nunca negámos — resolveria esses desafios que enfrentamos de forma condicionada
por força desse Memorando.
Era, por isso, natural a expectativa, como já foi aqui dito, do País, em particular dos portugueses, em
relação a este debate.
O que tivemos, Sr.ª Presidente e Srs. Ministros, foram, diz-se, cinco propostas concretas que passo a
enunciar: parar a austeridade; estabilizar a economia; um plano de emergência para desempregados; uma
estratégia realista na consolidação; uma agenda para o crescimento. Sr.ª Presidente, isto não são propostas,
são desejos.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
São desejos que naturalmente acompanhamos e que tudo faremos para concretizar.
Mas há aqui algo, Sr. Ministro, que, ouvindo duas vezes o líder da oposição, poderemos, de alguma forma,
ser levados a pensar (o que certamente não queremos e importa esclarecer): é que todas estas propostas
concretas, quando, aqui e acolá, forem concretizadas, vão requerer mais despesa. E, havendo mais despesa,
há mais défice. E, mais tarde ou mais cedo, quem sabe, mais um pedido de resgate, mais uma presença da
troica, mais impostos e sacrifícios para os portugueses, a médio prazo. E isso preocupa-nos, ainda que
tenhamos esta perspetiva construtiva que acabei de anunciar.
Para terminar, Sr.ª Presidente, quero dizer o seguinte: Sr. Ministro, a nosso ver, é importante que Portugal
preserve um alargado consenso social e um consenso político. Não é só Portugal e a Irlanda que precisam
que o programa de ajustamento seja um sucesso; é a Europa que assim o necessita.
Nesse esforço todos os partidos do arco europeu — Partido Socialista, Partido Social Democrata e CDS —
devem estar à altura do acontecimento e do momento que atravessamos.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Por isso, no presente e para prepararmos o futuro, o que desejamos,
com convicção e realismo, é que, nesta sétima avaliação a que vamos ser sujeitos, depois de seis avaliações
positivas, não deixemos de ter em conta a atual situação económica, em Portugal e na zona euro, e o atual
pensamento das organizações internacionais, nomeadamente daquelas que compõem a troica, preservando
aquilo que consideramos essencial e que torna Portugal um País diferente: o consenso político e social
alargado, que permitiu que reformas muitíssimo duras e muitíssimo difíceis, com repercussões inegavelmente
difíceis na vida dos portugueses, possam estar a fazer o seu caminho.