O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

17 DE MAIO DE 2013

39

Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: A questão que aqui se decide é se o Estado Português vê o Arsenal do

Alfeite como um estaleiro público realmente estratégico para a Marinha, para a defesa nacional e para o País

— fator de soberania, independência e capacidade produtiva — ou antes como uma empresa qualquer que

navegue no mercado, sujeita às ditas leis do mercado, e que, um dia qualquer, pode fechar as suas portas, se

o mercado quiser.

No fundo, a opção que se impõe é que se perceba que não há Arsenal sem a Marinha e que não há

Marinha sem o Arsenal — …

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — … e que, assim, se decida de forma consequente.

Com a famosa empresarialização, a Arsenal SA, do Grupo EMPORDEF, passou a tratar a Marinha como

um cliente. Ou seja, deixou de existir essencialmente em função das necessidades da Marinha para passar a

funcionar em função da estratégia traçada para a EMPORDEF.

Mas é uma evidência que a Marinha não pode ser um mero cliente do Arsenal. Não apenas por ser

praticamente o único, mas fundamentalmente porque a indispensável manutenção dos navios da Marinha

portuguesa exige capacidades técnicas de que só o Arsenal dispõe e que nunca poderão ser abandonadas ao

sabor de um qualquer nível de encomendas!

Desmascarámos, desde o princípio, essa farsa que o Governo PS e o atual Governo PSD/CDS tentaram

impingir aos arsenalistas, à Marinha e ao País, de que o futuro do Arsenal do Alfeite estaria nos tais «novos

mercados» e nos tais «novos clientes», que, evidentemente, nunca vieram. Agora, essa farsa passou à cena

seguinte, em que se fala da construção naval como o grande desígnio, a exigir, evidentemente, recursos que

só poderiam vir com os privados. Já vimos esse filme, Srs. Deputados!

O Arsenal tem capacidade de construção há muito tempo. E, mais do que prometer os mercados de outros

continentes, melhor seria que se avançasse com encomendas concretas para aproveitar esses projetos (como

as lanchas da classe Vigilante ou Bolina). Ou os senhores estão convencidos de que alguém compra navios a

um país quando ele próprio não os tem nem os utiliza efetivamente?

Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O Arsenal não é só tradição e património. É futuro, é inovação. E, para

isso, é preciso investir, modernizar o estaleiro, trazer novos trabalhadores, promover o trabalho com direitos e

o vínculo público numa área crítica para a Marinha.

É esta, portanto, aqui e agora, a opção que a realidade concreta nos impõe. Resolver, agora, esta questão

de uma vez por todas. Acabar, agora, com esta situação aberrante. Revogar, aqui, os diplomas que causaram

este problema. Alterar, aqui, a lei para que o Arsenal do Alfeite seja reintegrado na Marinha.

Tomar esta decisão é não apenas uma evidente possibilidade desta Assembleia nos termos da

Constituição, mas um incontornável dever, um imperativo ético e de soberania nacional.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana

Aiveca.

A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Uma especial saudação para os

arsenalistas aqui presentes, a assistir à sessão, e através deles uma saudação também para todos os

arsenalistas que, desde 2 de maio de 1939, inauguraram o Arsenal do Alfeite, depois de extinto o velho

Arsenal da Ribeira das Naus, a 30 de abril desse mesmo ano.

Arsenal do Alfeite é história, é história concreta, é história de qualidade, é história de grande construção e

reparação naval para a Marinha, é história de resistência de um distrito do qual tenho orgulho de pertencer, é

história de resistência, do ousar «pisar a relva» em tempos tão escuros que todos conhecemos — pelo menos,

uma parte conhece no concreto, outra parte conhecerá a história.

E é em nome deles, do passado, mas também em nome da capacidade dos presentes e em nome de uma

capacidade futura que devemos defender o Arsenal do Alfeite.

Páginas Relacionadas
Página 0038:
I SÉRIE — NÚMERO 90 38 O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presiden
Pág.Página 38
Página 0040:
I SÉRIE — NÚMERO 90 40 Dissemos, em 2009, aquando da passagem do Arse
Pág.Página 40
Página 0041:
17 DE MAIO DE 2013 41 A motivação dessa alteração baseou-se na constatação de que o
Pág.Página 41
Página 0042:
I SÉRIE — NÚMERO 90 42 O Arsenal do Alfeite pode, e deve, ser uma ref
Pág.Página 42
Página 0043:
17 DE MAIO DE 2013 43 Aplausos do PS. Protestos do PCP e do BE.
Pág.Página 43
Página 0044:
I SÉRIE — NÚMERO 90 44 O Sr. Bruno Dias (PCP): — Mas isso não
Pág.Página 44
Página 0045:
17 DE MAIO DE 2013 45 Srs. Deputados, vai acontecer a esta nossa proposta como acon
Pág.Página 45
Página 0046:
I SÉRIE — NÚMERO 90 46 A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para que
Pág.Página 46
Página 0047:
17 DE MAIO DE 2013 47 Passamos ao ponto seguinte da nossa ordem do dia, que consist
Pág.Página 47