I SÉRIE — NÚMERO 43
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Quando se cria um feriado, não se está a fazer um ajuste salarial por se trabalhar um dia a menos, assim
como quando se elimina também não se faz o mesmo. Os feriados são celebrações de momentos importantes
que se entende que devem ser instituídos e são suspensões dessas celebrações que devem ser suspensas
no momento em que o feriado é suspenso.
Mesmo para terminar, Sr.ª Deputada Inês de Medeiros, também me desgostou que o feriado do 5 de
Outubro fosse suspenso. Mas essa data não se refere à celebração do dia da República, da implantação da
República. Não, Sr.ª Deputada! A implantação da República tal como a restauração da independência são
episódios da História de Portugal. A data de 5 de Outubro refere-se a 1143, data da assinatura do Tratado de
Zamora, da criação do País. Essa, sim, é que seria a grande data, Sr.ª Deputada. Como vê, não houve
nenhuma intenção persecutória em relação à República.
Protestos do PS e do PCP.
E, Sr.ª Deputada, nunca se poderia justificar esse tipo de argumento, dado que o feriado de 5 de Outubro
foi sugerido, apoiado e sustentado por todos os parceiros sociais.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Jorge
Machado, do PCP.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Agora percebemos bem o
incómodo do PSD e do CDS-PP face a este projeto de lei.
O PSD e o CDS-PP perderam mais tempo a falar do título do diploma do que da questão de fundo, que é a
reposição dos feriados, a sua justa reposição para os trabalhadores. O título era apenas a desculpa para o
PSD e o CDS-PP não discutirem o problema.
E, do pouco que disseram, o que é que referiram?
O PSD falou de sinais da economia, falou de um mundo cor-de-rosa que, pura e simplesmente, não existe.
O CDS falou da concertação social, sabendo muito bem que a CGTP esteve, desde a primeira altura, contra a
abolição destes feriados. Portanto, a desculpa da concertação social não é, efetivamente, verdadeira nem
legítima. E diz ainda o CDS-PP que trabalhar mais dias sem receber não é uma questão salarial.
Portanto, fica claro que o PSD e o CDS-PP queriam fugir à questão. A verdade é que o Governo
manifestou a intenção de devolver alguns feriados em 2015. E colocam-se três questões imediatamente.
Primeira questão: de boas intenções está o inferno cheio.
Segunda questão: a devolução dos feriados não é uma benesse que dependa da disponibilidade do PSD
ou do CDS-PP; os trabalhadores vão recuperar aquilo que o PSD e o CDS-PP lhes retiraram!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Terceira questão: se a intenção é devolver os feriados, então que se
aprove imediatamente a iniciativa do PCP!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O que o CDS-PP e o PSD fizeram com a eliminação dos feriados é
inaceitável e inconcebível, pois significa mais cinco dias de trabalho sem salário. É um autêntico roubo, é um
agravamento da exploração, é trabalho gratuito! E o PSD e o CDS-PP desrespeitam as datas históricas que
estes feriados efetivamente representam!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado, agradeço que conclua.
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