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I SÉRIE — NÚMERO 99

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A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Registamos também alguma evolução,

nomeadamente por parte da própria iniciativa legislativa do PS. Em todo o caso, há aqui um «banho-maria»

nas intervenções dos partidos da maioria que muito nos preocupa.

Em primeiro lugar, a intervenção do PSD é mais na base do «nem sim, nem não, antes pelo contrário,

vamos lá a ver». Depois, queixam-se de que é a terceira, a quarta, a quinta vez que estamos a fazer esta

discussão. Ó Srs. Deputados, isso só pode ser um nível de autocensura. Se estão a discutir esta matéria há

tanto tempo é porque, pelo menos, não nos ouviram e não aceitaram as propostas que trazemos a debate há

muito. Em todo o caso, entendemos que é hora de assumir com seriedade esta discussão.

Com certeza, alguns de vós, pelo menos, terão ficado bastante incomodados com o escândalo do Banco

Espírito Santo Angola, alguns de vós, pelo menos, ficarão incomodados com o facto de a comunicação social

ser cada vez mais contaminada por capitais com origens e interesses tantas vezes obscuros. Nesse sentido, o

Bloco de Esquerda deu o seu contributo: ir até ao fim na publicitação da titularidade da propriedade de todos

os órgãos de comunicação social, sem nenhum subterfúgio, sem nenhuma exceção.

Aguardamos que esta conversa, afinal, expresse uma vontade da maioria de resolver este grave problema,

que é um problema do futuro e da sustentabilidade da democracia.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, está, então, concluído o ponto 3 da ordem de

trabalhos. Os projetos de lei discutidos serão votados amanhã, no período regimental de votações.

Passamos, agora, ao quarto ponto da ordem do dia, que consiste na apreciação do projeto de resolução n.º

1050/XII (3.ª) — Institui o Dia Nacional do Peregrino (PSD e CDS-PP).

Para apresentar o projeto de resolução, tem a palavra o Sr. Deputado João Figueiredo.

O Sr. João Figueiredo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Os Grupos Parlamentares do

PSD e do CDS-PP apresentam hoje, nesta Câmara, o projeto de resolução que institui o Dia Nacional do

Peregrino. Não vos escondo que, enquanto Deputado e enquanto peregrino de há muitos anos, o faço com

redobrada satisfação.

Ao instituir o Dia Nacional do Peregrino pretendemos atingir dois objetivos: por um lado, homenagear as

mulheres e os homens que deixam o conforto do seu lar, que deixam temporariamente as suas ocupações

profissionais, que fazem uma pausa nessas ocupações e procuram, muitas vezes, o silêncio que não têm no

seu-dia-a-dia; e, por outro lado, proporcionar, através da instituição deste dia, a discussão de temas

importantes e fundamentais associados às peregrinações, como sejam as questões da segurança ou da

recuperação e sinalização de trilhos antigos que levem a diversos lugares sagrados.

Como referi anteriormente, a instituição deste dia visa homenagear aqueles portugueses que, pelas mais

variadas razões, se fazem ao caminho, sobretudo por questões de fé mas também pelo encontro com eles

próprios.

Ser peregrino é desinstalar-se continuamente, é fazer da vida um contínuo deslocar-se de um lugar para o

outro, superando as dificuldades vivenciadas no caminho. Ser peregrino é estar continuamente em movimento.

Todo o homem é um ser em caminho. Já Gabriel Marcel, em o Homo Viator, dizia que o Homem é um ser

em permanente viagem. Cada um de nós está sempre inacabado na desejável procura de sermos melhores.

No fundo, é esta incessante procura o motivo principal da vida humana.

Sabemos que o ato de peregrinar e as peregrinações ocorrem desde os tempos mais remotos. Importa

referir também que o ato de peregrinar abrange uma amplitude que vai muito para além da condição de crente

de quem o pratica, abrangendo uma dimensão social, cultural e económica que deve também ser valorizada.

Na sua declaração de 23 de novembro de 1987, a propósito da revitalização do Caminho de Santiago, o

Conselho da Europa reconhece «que a fé que, ao longo dos tempos, animou os peregrinos e, para além das

diferenças e interesses nacionais, os reuniu numa aspiração comum, nos inspire hoje, e muito particularmente

os jovens, a percorrer estes caminhos, em ordem a construirmos uma sociedade fundada na tolerância, no

respeito do outro, na liberdade e na solidariedade».

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