I SÉRIE — NÚMERO 38
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Por fim, a decisão do Governo em proceder à eliminação dos feriados representa ainda um claro sintoma
do desprezo com que o Governo olha para a nossa cultura e para a nossa história.
Os Verdes consideram, portanto, ser de toda a oportunidade e de toda a justiça para quem trabalha, mas
também para a nossa história e para a nossa cultura, proceder à restituição dos quatro feriados obrigatórios
que o atual Governo decidiu eliminar.
Quanto ao Carnaval, direi que é uma das festas anuais mais importantes, é um dos mais importantes ciclos
festivos do nosso País. Por todo o lado, o Carnaval vive-se como uma festa anual e em muitas localidades
assume mesmo muita importância do ponto de vista económico. Até o calendário escolar está organizado no
pressuposto do feriado de Terça-feira de Carnaval e daí a interrupção do ano letivo nesse período, as férias
escolares de Carnaval.
Contudo, nos últimos anos, o Governo decidiu contrariar as dinâmicas sociais, económicas e culturais de
várias comunidades e localidades. Afinal, o que fez o Governo? O Governo fez um verdadeiro carnaval.
Ficámos com uma Terça-Feira de Carnaval em que meio País está parado e meio País está a trabalhar, como,
de resto, mostra o facto de a grande maioria dos municípios ter dado tolerância de ponto nesse dia, ignorando
completamente as orientações do Governo e deixando-o a falar sozinho.
Mas o carnaval foi ainda maior quando percebemos que a parte do País que trabalha nesse dia fá-lo
apenas a meio gás, porque não há correios, já que os CTT estão encerrados, os bancos não chegam a abrir e
a oferta de transportes públicos é exatamente a mesma que há aos fins de semana.
Por fim, queria dizer que não nos parece razoável deixar nas mãos do Governo a faculdade de uma ou
duas semanas antes do Carnaval decidir não considerar a Terça-Feira de Carnaval como feriado. Com esta
atitude, está o Governo a frustrar as expetativas dos portugueses, das autarquias locais e dos operadores de
turismo e de restauração.
Por isso, Os Verdes consideram que a Terça-Feira de Carnaval deverá passar a ser feriado obrigatório e é
nesse sentido que aponta um outro projeto de lei que Os Verdes trazem hoje a discussão.
Aplausos de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Para apresentar o projeto de lei n.º 751/XII (4.ª), da sua autoria, tem a palavra o Sr.
Deputado José Ribeiro e Castro.
O Sr. José Ribeiro e Castro (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Três mensagens muito
rápidas que dirijo, sobretudo, aos meus colegas da maioria, a quem apelo para que viabilizem a aprovação, na
generalidade, deste projeto de lei. «Até ao lavar dos cestos é vindima».
Primeira mensagem: há quem diga que «a palavra é uma criação do diabo para o homem esconder aquilo
que pensa». Eu não acredito nisso. E, na lei, a palavra vale; o que vale é a palavra. Se quero suspender,
escrevo «suspensão»; se escrevi «eliminação», fiz eliminar. É o que quero e o que faço.
O projeto de lei aprovado é a garantia de que esta confusão termina e a desconfiança acaba de vez; se
reprovado, é a garantia de que a confusão continua e se aprofunda.
Segunda mensagem: «não deixes para amanhã o que podes fazer hoje». Já todos percebemos que, ao
menos, alguns feriados vão ser repostos. Por que não hoje? Devolvamos aos portugueses a festa da
independência e da liberdade nacional já: o 1.º de Dezembro! Devolvamos já aos católicos a festa dos seus
santos e a todos os portugueses, com ou sem fé, o dia que usam para lembrar e honrar os seus mortos!
Bem sei que não sou o dono da bola e, por isso, perguntam: «Mas quem é este para vir aqui dizer se é
ontem, hoje ou amanhã?». Está certo! É suficientemente justo!
Mas aí entra em campo o «Cozinheiro e Castro» para informar que o projeto está devidamente
condimentado para ser fatiado à medida da conveniência e do gosto de qualquer comensal. Pode ser
aprovado na generalidade e podem retirar à vontade os meus atrevimentos mais imediatos para a decisão de
quem tem «a faca e o queijo na mão», porque quanto a isso, confesso, só tenho comigo um pedaço de broa!…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Esta é uma intervenção de coordenação para a coligação! Está visto!