I SÉRIE — NÚMERO 61
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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Este é o único PS sensato, o de Ana Catarina Mendonça!
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça (PS): — Estamos aqui hoje a falar da permanência de pessoas a quem
pedimos algo de especial, de pessoas que se dispõem a ajudar Portugal e de pessoas que estão dispostas a
pôr as suas fortunas ou as suas posses ao serviço da economia portuguesa. E se são pessoas que querem
fazer bem e nos querem ajudar, então, devemos também tratá-las de forma especial. E isso não colide, em
nada, com a integração dos imigrantes que não podem contribuir dessa forma mas que devem e merecem ter
aqui as mesmas oportunidades na sua inclusão.
Aplausos do PS.
Dir-me-ão, por isso, os Srs. Deputados mais à esquerda do PS que aqueles que se dispõem a contribuir
para a economia portuguesa são privilegiados — e sê-lo-ão. Mas são também respostas equitativas a quem se
dispõe a ajudar-nos nas nossas prioridades.
Para esse regime ser eficaz, no interesse do País, ele tem de estar focado adequadamente nas nossas
prioridades, e essa focalização tem evidentemente de ser aperfeiçoada. De resto, quero saudar aqui a
abertura manifestada pelo Sr. Vice-Primeiro-Ministro, no seu discurso, quanto à possibilidade de, em sede de
especialidade, melhorarmos o que o Partido Socialista considera que ainda é possível melhorar nesta lei.
Nesta iniciativa, há uma preocupação com a melhoria do regime atual, que, desde já, saudamos. Uma
preocupação que demonstra que até este Governo, quando a necessidade aperta, percebe que tem de fazer
um caminho diferente.
Mas há também, na nossa opinião, diferenças de perspetiva e até mesmo insuficiências de espírito
reformador, como o facto de, em alguns setores, não tornar o investimento produtivo mais atrativo do que o
investimento imobiliário. Explicarei tão breve quanto possível, Sr.ª Presidente, mais à frente.
O PS quer que Portugal seja governado com realismo e sensibilidade para a melhoria da vida de quem cá
vive e trabalha e acolhemos esta iniciativa com espírito crítico mas aberto ao que ela pode vir a melhorar no
regime dos estrangeiros, nomeadamente após as melhorias que receber em sede de especialidade.
Esperamos nós que sejam acolhidas.
Dessas melhorias permitam-me que destaque a necessidade de tornar ainda mais atrativo o investimento
em ciência, cultura ou reabilitação urbana, setores que são absolutamente vitais para o desenvolvimento
económico do País e para o bem-estar de todos aqueles que aqui vivem. Por isso, desde já antecipo que, para
nós, Grupo Parlamentar do Partido Socialista, para atração de investimento, o valor na área da cultura deveria
baixar dos 350 000 € para os 250 000 €, tornando, assim, mais atrativa a possibilidade deste investimento.
Gostaria também de dizer que, na área da reabilitação urbana, vale a pena repensar melhor o que temos
para fazer.
Por isso mesmo, Sr.ª Presidente, permita-me que utilize um pouco mais tempo para explicar uma matéria
que me parece importante.
A aquisição de imóveis antigos ou localizados em zonas de reabilitação urbana ou para reabilitação urbana
no montante de 500 000 € é uma alteração positiva mas será ineficaz e não terá aptidão para desviar o
investimento dos imóveis novos para a reabilitação urbana.
Por isso, a nossa proposta é a de não ir ao encontro do consumidor típico, podendo desviar-nos desse
consumidor típico e fazendo assim com que não prefira um imóvel novo mas um imóvel que verdadeiramente
necessite dessa reabilitação urbana, baixando, por isso mesmo, para 150 000 € a possibilidade do
investimento para reabilitar prédios que necessitam mesmo de reabilitação. Muitas vezes esta reabilitação é
confundida.
Antes de terminar, devo dizer ao Sr. Vice-Primeiro-Ministro que, nesta bancada, não há reflexos
condicionados sobre esta matéria. Não estamos contra as medidas por serem suas, mas estamos disponíveis
para trabalhar em conjunto.