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I SÉRIE — NÚMERO 6

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A pátria de Voltaire fica, uma vez mais, ligada a um momento negro da história do terrorismo internacional.

Desde a Segunda Guerra Mundial que a França não tinha sido alvo de um ataque desta envergadura no seu

território. Estes atentados, tal como os de janeiro passado, ocorreram no coração da cidade, ocorreram no

coração do país, ocorreram no coração da Europa, em locais que, claramente, simbolizam a forma de estar e

de viver das nossas sociedades. E vieram demonstrar que aquilo que conquistámos ao longo de vários

séculos está a ser alvo de um ataque que deve merecer, da nossa parte, uma resposta firme e que demonstre

que esses valores estão acima de qualquer fundamentalismo ou fanatismo.

Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, perante o que vimos, as nossas primeiras palavras devem ser para

manifestar a nossa solidariedade para com todas as vítimas e seus familiares, para com a França e o seu

povo e também para com a comunidade portuguesa.

A França é um país conhecido pela sua diversidade e é neste país que reside uma comunidade franco-

portuguesa estimada em 1 milhão e 300 mil pessoas, uma comunidade que foi, uma vez mais, vítima dos

atentados, pois dois cidadãos de origem portuguesa acabaram por ser mortos nos ataques que ocorreram

junto ao Estádio de Saint-Denis e na sala de espetáculos Bataclan. Permitam-me que, de uma maneira

especial, lembre aqui o Manuel Dias e a Précilia Correia, apresentando às suas famílias, aos seus amigos e a

toda a comunidade portuguesa uma mensagem de apoio e de solidariedade neste momento tão complicado.

Não posso, no entanto, deixar de destacar que, naquelas horas de terror, alguns dos nossos compatriotas

tiveram um papel de grande coragem na ajuda aos sobreviventes da tragédia, o que mereceu o

reconhecimento das autoridades e da comunicação social francesas.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

É também por isso que voltamos, hoje, aqui, nesta Câmara, a reafirmar que temos muito orgulho nas

nossas comunidades espalhadas pelo Mundo e, em particular, pela comunidade portuguesa residente em

França.

Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, permitam-me que fale desta comunidade à qual também pertenço.

Esta é uma comunidade que ama, de forma apaixonada, o seu País de origem, mas que se reconhece

também nos valores do país onde reside e, por isso, não há um português em França que não vibre aos

primeiros acordes da Marselhesa.

Esta forma de estar, de ser solidário com o país de origem e empreendedor no país de acolhimento, tem

sido uma clara mais-valia para o nosso País. A comunidade portuguesa em França é hoje uma referência no

plano económico, através das suas 45 000 empresas, e no plano político, através dos vários milhares de

quadros políticos. Uma comunidade que se revê num país que nos últimos quatro anos recuperou a sua

credibilidade externa, transmitindo evidentes sinais de confiança, de estabilidade e de um País cumpridor.

Foram estes sinais que permitiram um investimento, sem paralelo na história democrática portuguesa, das

comunidades no seu País, o que deu um enorme contributo para o sucesso da nossa economia, muito

particularmente no que diz respeito às exportações e ao investimento.

No entanto, Sr.as

e Srs. Deputados, as comunidades portuguesas olham com perplexidade para a situação

que o País vive atualmente. Não compreendem que no seu País, no nosso País, quem ganha as eleições não

governa. E também não entendem que os acordos que são apresentados por outros não têm a coerência nem

sequer a consistência que permitam, realmente, responder aos anseios daqueles que estão no estrangeiro.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Estes portugueses também não compreendem que um caminho percorrido que mobilizou todos os

portugueses, incluindo aqueles que residem no estrangeiro, possa agora ser posto em causa por questões que

visam apenas concretizar objetivos de sobrevivência política.

Estes são sinais preocupantes para quem reside no estrangeiro e para o pequeno e médio investimento no

nosso País. Para estes portugueses, Portugal tem de dar continuidade às políticas que permitiram superar a

crise e dar a imagem de um País estável no plano político.

Os portugueses residentes no estrangeiro, em outubro, com o seu voto, fizeram a sua escolha, uma

escolha clara e, sobretudo, uma escolha que põe em causa quatro anos de discursos nesta Casa, em que

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