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I SÉRIE — NÚMERO 6

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O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de

Esquerda.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as

e Srs. Deputados: Num

momento como este, a primeira palavra não pode ser outra que não a da condenação do terror, do fanatismo

dos que trouxeram a morte ao coração da Europa e que, no terror, querem ver a propagação do ódio entre

todas e todos nós.

É também necessário que, das primeiras palavras, numa intervenção neste contexto, surja o nosso pesar

para com as vítimas, a nossa solidariedade para com o povo francês e também para com a comunidade

portuguesa radicada em França, porque foi entre ela que estes acontecimentos também tiveram lugar.

Mas quando somos confrontados com tamanha destruição, quando o valor fundamental da vida é colocado

em causa pelo fanatismo, é importante que nos perguntemos se queremos dar um passo em frente ou se

queremos cair na armadilha do ódio, porque essa é aquela que se apresenta perante nós.

Sobre esta matéria, convém lembrar um conhecido político francês, Dominique de Villepin, e a sua reflexão

feita nas últimas horas. Não é de uma área política próxima da do Bloco de Esquerda e, por isso, creio que a

sua reflexão terá um valor reforçado. Diz ele: «Não é porque um bando de assassinos fanáticos nos declara

guerra que somos nós que temos de cair na armadilha de declarar guerra de volta. Estes ataques estão, em

grande parte, relacionados com um processo histórico que tem crescido com as intervenções no Afeganistão,

no Iraque, na Líbia e em tantos outros lugares e que apenas deitaram gasolina para a fogueira. Vamos

aprender com a experiência. As coisas estão ficando piores do que estavam há 10 anos atrás, as coisas estão

piores aqui, na Líbia, no Afeganistão e no Iraque.»

Creio que esta é a reflexão que devemos todos fazer.

O resultado dos valores que estavam em causa e aqueles que a França trouxe ao mundo e que nos tornou

a nós, europeus, tão únicos, os valores da liberdade, da igualdade, da fraternidade, é o de aprender com os

que mais de perto sofreram estes ataques.

Passo a citar um jornalista, Antoine Leiris, cuja esposa, companheira de 12 anos, mãe do seu filho, morreu

no ataque de sexta-feira passada. Creio que o que refere é a maior aprendizagem que podemos ter. Dizia ele:

«Vocês não terão o meu ódio. Vocês procuram-no, mas responder ao ódio com a cólera seria ceder à mesma

ignorância que vos fez ser quem são. Querem que eu tenha medo, que olhe para os meus concidadãos com

um olhar desconfiado, que sacrifique a minha liberdade pela segurança. Perderam! Continuamos a viver da

mesma maneira».

Este é o repto da França da liberdade, da igualdade, da solidariedade. Este é o repto dos que se recusam a

responder ao ódio com o ódio, que recusam os bombardeamentos de retaliação e dos que sabem que sempre

que o ódio imperou foram as bombas que deram lugar às palavras, e as bombas é que criaram um mundo

ainda mais instável do que aquele em que vivíamos.

Por isso, dizendo não ao ódio, a única resposta que podemos dar aos que querem semear o terror é: não,

vocês não vão ganhar, porque nós não vamos deixar que o ódio impere — liberdade, solidariedade, igualdade

e fraternidade! A solidariedade foi aqui acrescentada como o valor que agora não pode faltar à Europa, que

olha para a França como uma das suas, mas que olha também para os franceses como aqueles que dizem

que não querem ser os responsáveis por mais bombardeamentos.

Aplausos do BE, do PCP e de Deputados do PS.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do CDS-PP.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, quero dizer

que este momento é — não podia deixar de ser — um momento emocional, porque todos nós vimos com

horror e com emoção os acontecimentos da noite de sexta-feira 13, em Paris.

A propósito deste momento e deste voto, fui revisitar — não é meu hábito, mas aconteceu neste caso — a

intervenção que eu próprio proferi, algures em janeiro deste mesmo ano, a propósito dos atentados e do

ataque contra o jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. Devo dizer que se eu repetisse exatamente a

intervenção que fiz naquele dia, com pequenas alterações, substituindo a palavra «jornalistas» por

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