I SÉRIE — NÚMERO 7
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O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, entramos no primeiro ponto da ordem do dia, que consta do debate
do projeto de resolução n.º 2/XIII (1.ª) — Sobre a afirmação dos principais compromissos europeus de
Portugal (PSD e CDS-PP).
Tem palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr. Secretario de Estado, Sr.as
e Srs.
Deputados: Nos últimos quatro anos, Portugal enfrentou e superou importantes desafios — pediu ajuda
externa, cumpriu um Memorando de Entendimento exigentíssimo e recuperou a autonomia financeira,
regressou aos mercados e financia-se hoje aos mais baixos juros de sempre; saiu da recessão económica e
iniciou um ciclo de crescimento da economia que se quer possa ser duradouro; inverteu o ciclo de crescimento
do desemprego, que se prolongou por mais de uma década, e regista, há quase três anos, uma trajetória de
descida do desemprego; alcançou excedentes externos e reforçou o crescimento das exportações, que hoje
representam cerca de 43% do produto interno bruto.
Todos estes desafios foram superados num contexto de definhamento económico da Europa e da crise das
dívidas soberanas, que levaram a que se tivessem de reformular as regras da governação económica e
financeira da Europa.
Portugal, um dos países mais vulneráveis à crise, conquistou, neste período, credibilidade e confiança.
Essa credibilidade e confiança são determinantes para o financiamento do Estado e da economia, são
determinantes para a saúde financeira do Estado que garante os recursos que podem salvaguardar o Estado
social, são determinantes para captar investimento, para acrescentar competitividade, para viabilizar negócios,
para conquistar mercados e exportar, para criar e manter muitos postos de trabalho.
Ora, na atual situação política portuguesa, agravada pela decisão inédita de todos os partidos da oposição
que perderam as eleições pela primeira vez se terem juntado e rejeitado o Programa do Governo saído das
eleições, mesmo antes de ele começar a ser executado, a Assembleia da República tem a especial e
indeclinável responsabilidade de dar ao mundo e à Europa uma palavra de tranquilidade, uma palavra de
compromisso e de responsabilidade. Essa palavra é simples, mas é também fundamental para garantir e
preservar a credibilidade e a confiança de Portugal.
Sem subterfúgios, sem malabarismos retóricos, o que esta proposta de resolução pede aos Deputados é o
seguinte: em primeiro lugar, continuam ou não empenhados na participação plena de Portugal na União
Europeia e na zona euro? Em segundo lugar, continuam ou não empenhados na implementação da união
bancária que reclamaram e em que participámos todos ativamente? O Governo de Portugal, alguns
Deputados — refiro em especial a Deputada ao Parlamento Europeu Elisa Ferreira, que foi fundamental para a
formulação final das regras da união bancária — continuam ou não empenhados em dar-lhe sequência?
Em terceiro lugar, continuam ou não empenhados em cumprir o Tratado Orçamental e as demais regras
europeias de vigilância orçamental?
Em quarto lugar, continuam ou não a rejeitar propostas unilaterais de restruturação de dívidas públicas
nacionais de algum Estado-membro da União Europeia?
O que se vos pede é que respondam sem tibiezas a estas questões. Se o fizerem positivamente, talvez
possamos contribuir, se não mesmo garantir, para a credibilidade e a confiança no Estado português.
Com isso, poderemos ter mais economia, poderemos ter mais emprego, poderemos ter mais saúde
financeira do Estado e poderemos salvaguardar o Estado social. Se o não fizerem, se rejeitarem os termos
desta resolução, assumirão, Srs. Deputados, a responsabilidade pela incerteza e, no futuro, pelas
consequências que daí decorrem. É este o exercício simples para o qual desafiamos todas as bancadas e
todos os Deputados.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Sr. Deputados Jorge Duarte Costa e
Margarida Marques.
Entretanto, o Sr. Deputado Luís Montenegro informou a Mesa de que pretende responder em conjunto.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Duarte Costa.