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21 DE NOVEMBRO DE 2015

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Passamos ao voto n.º 5/XIII (1.ª) — De pesar pela morte de José Vilhena (PS), que vai ser lido pelo Sr.

Secretário Abel Baptista.

O Sr. Secretário (Abel Baptista): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:

«José Vilhena foi o autor incontornável de três ou quatro décadas do humor em Portugal. A sua obra, na

tradição de Gil Vicente, Bocage ou Bordalo Pinheiro, é uma crónica dos tempos.

Vilhena, como sempre foi conhecido, terá sido dos poucos artistas em Portugal que dominou e incluiu na

sua obra a arte da escrita, do desenho, da ilustração, das fotomontagens nos seus primórdios, da fotografia,

da revista à portuguesa e até uma breve incursão pelo cinema. Umas vezes, a maior parte, seguindo o

caminho do humorismo escrito e ilustrado; outras, poucas, o da pintura.

Cofundador de O Mundo Ri, em 1955, inicia um percurso individual no início de 60 com uma série de livros

de bolso humorísticos, que escrevia, ilustrava, editava e distribuía pelo país inteiro, quase sempre pelas

tabacarias. Fazem parte da coleção mais de 70 livros, 56 da sua autoria. Com alguns desses livros

censurados e apreendidos pela ditadura de Salazar, é preso três vezes pela PIDE e várias vezes chamado a

responder aquando da saída dos livros, que muitas vezes eram vendidos por baixo do balcão, às escondidas.

Foi também o responsável pela introdução de autores estrangeiros como Alphonse Allais, Alvaro de Laiglesia,

Guy de Maupassant, Goscinny, Gogol, que editou dentro da sua coleção da editora Branco e Negro.

Vinte um dias depois da Revolução de 1974 saía a revista quinzenal Gaiola Aberta, que marcou, durante os

primeiros anos da democracia, as publicações humorísticas em Portugal. Utilizando vários meios ao seu

alcance, como a escrita, o desenho, a pintura, as fotomontagens, a fotografia, etc, Vilhena lança a Gaiola

Aberta à semelhança de outras publicações humorísticas que existiam no estrangeiro, tal como El Jueves em

Espanha, Le Cannard Enchaîné, em França, ou o Mad nos USA. Com a devida distância, obviamente não por

causa da qualidade, mas pelos meios ao dispor de cada uma dessas publicações, porque Vilhena era o

homem dos sete ofícios.

José Vilhena faleceu no passado dia 3 de outubro, um dia antes das eleições para esta Assembleia. A ele,

como a outros autores que fazem do humor uma arte, devemos o apuramento do olhar crítico sobre o mundo

que nos rodeia, momentos de riso ou reflexão sobre a condição que nos calhou, a sociedade em que vivemos,

os preconceitos que nos tolhem, as angústias e os fantasmas que nos assombram. O riso, como escreveu

Eça, sempre foi "a mais antiga e mais terrível forma de crítica".

Assim, a Assembleia da República presta homenagem a este artista e humorista, o profundo pesar pelo

seu falecimento, bem como endereça à sua família as mais sentidas condolências».

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Srs. Deputados, após a votação destes votos de pesar, vamos guardar 1 minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.

O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: — Para que efeito, Sr. Presidente?

O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr. Presidente, é para informar a Câmara e a Mesa que, sobre o voto

n.º 2/XIII (1.ª), de pesar pelo falecimento de Helmut Schmidt, o Grupo Parlamentar do PSD apresentará uma

declaração de voto por escrito.

O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado Hélder Amaral também está a pedir a palavra. É para o mesmo

efeito?

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