I SÉRIE — NÚMERO 8
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pesar torna patente a intenção de aproveitar uma homenagem a um estadista europeu para introduzir uma
controvérsia artificial, para provocar um efeito no debate partidário nacional, em torno da «política europeia»
da Chanceler Merkel, sem sequer se perceber que a dimensão dessa «política europeia» é objeto de crítica.
Uma crítica desse tipo não atesta, nem deixa de atestar, a grandeza do político Helmut Schmidt. Fica expressa
uma estranha seletividade quanto às posições políticas assumidas por Helmut Schmidt durante uma longa e
fecunda carreira pública, a que se poderiam acrescentar, a título de exemplo, o combate firme ao terrorismo da
extrema-esquerda alemã, as críticas abertas ao então Presidente americano Jimmy Carter ou o compromisso
inabalável com a NATO contra o comunismo soviético. Afinal de contas, a grandeza política de Helmut
Schmidt foi maior do que aquilo que o texto apresentado pelo PS admite.
3 — O voto de pesar apresentado pelo Partido Socialista deveria ter resistido à tentação da seletividade
com razões partidárias. Um momento solene como este não merecia menos do que isto.
Os Deputados do PSD, Luís Montenegro — Adão Silva — Berta Cabral — Carlos Abreu Amorim — Sérgio
Azevedo — Miguel Morgado — Hugo Lopes Soares — Luís Leite Ramos — Miguel Santos — António Leitão
Amaro — Sara Madruga da Costa.
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No passado dia 20 de novembro, o Grupo Parlamentar do CDS-PP sufragou o voto de pesar pelo
falecimento de Helmut Schmidt, apresentado pelo Partido Socialista à Assembleia da República. Fê-lo por
entender que a Assembleia deve reconhecer e assinalar a morte do antigo chanceler social-democrata
alemão.
O Grupo Parlamentar do CDS-PP acompanha, em larga medida, o teor do voto. De facto, Schmidt, europeu
esclarecido e atlantista convicto, foi um dos grandes nomes da política europeia do século XX. Entre 1974 e
1982, o chanceler alemão reforçou a posição da Alemanha Ocidental no mundo, conseguiu manter o seu país
a salvo do descalabro económico desencadeado pelo choque petrolífero de 1973, ajudou a consolidar as
instituições democráticas alemãs, prosseguiu uma política de aproximação à Europa de Leste e de
alinhamento com os Estados Unidos da América e a NATO, conteve o terror imposto pelas Brigadas Baader
Meinhof e, acima de tudo, participou ativamente na construção europeia.
Como é bem sabido, devemos a Helmut Schmidt e a Giscard d’Estaing o relançamento da União
Económica e Monetária, que culminou na passagem à moeda única, e a ideia da criação de um banco central
europeu. Graças à sua iniciativa, foi possível refirmar as finalidades liminares da Europa e renovar o pacto
europeu.
Nesse sentido, o Grupo Parlamentar do CDS-PP associa-se ao Partido Socialista e aos restantes partidos
na evocação da memória de Helmut Schmidt. No entanto, não acompanha o Partido Socialista nas
considerações que faz sobre o seu legado político. Desde logo, porque preferiu realçar o «combate» à
condução da política europeia pela chanceler alemã, Angela Merkel, em detrimento do verdadeiro combate,
que marcou decisivamente a sua governação, a um dos movimentos criminosos da Fração do Exército
Vermelho, as Brigadas Baader Meinhof, cara do terrorismo que ensombrou a Alemanha na década de 70. No
entender do CDS-PP, essa preferência não só é supérflua como é desajustada no tempo com o legado de um
dos grandes líderes democráticos do século passado.
O Grupo Parlamentar do CDS-PP.
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Relativa ao projeto de resolução n.º 2/XIII (1.ª):
O Partido Socialista abstém-se neste projeto de resolução n.º 2/XIII (1.ª) por considerar que o mesmo é
redundante.