I SÉRIE — NÚMERO 8
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A Sr.ª Margarida Marques (PS): — Uma segunda observação que gostaria de fazer, em matéria de política
de asilo e de refugiados, diz respeito à vossa expressão «acolhimento de refugiados», e sublinho
«acolhimento».
A política europeia e o instrumento jurídico que existe ao nível europeu sobre política de refugiados foram
adotados durante a Presidência portuguesa com o Ministro António Costa. Na medida em que existe uma
política de refugiados, não sei se não referem «política de refugiados» por não quererem subscrever a política
adotada na altura da Presidência portuguesa, sendo Ministro António Costa, ou se é por uma questão
diferente? O que os senhores referem é «acolhimento de refugiados». Significa que renovam o compromisso
relativamente ao acolhimento de refugiados ou à política de refugiados? É porque a política de refugiados
integra o acolhimento de refugiados, mas vai para além deste acolhimento de refugiados.
Uma terceira questão diz respeito a renovar o compromisso do Estado português em promover e reforçar a
sua participação na política de vizinhança, particularmente no que se refere ao Mediterrâneo.
Relativamente a esta questão, gostaríamos de dizer o seguinte: o Mediterrâneo é, hoje, um cemitério que
deve envergonhar todos os europeus e muitos dos líderes europeus, em particular. Mas a política de
vizinhança não se limita ao Mediterrâneo, pelo que, neste caso concreto, gostaria de perguntar ao Sr.
Deputado por que é que renova o compromisso no que se refere à política de vizinhança para o Mediterrâneo
e se, por exemplo, a política de vizinhança relativamente à Ucrânia ou a parceria a leste não o preocupam.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Rebelo.
O Sr. João Rebelo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Margarida Marques, agradeço as
perguntas importantes que fez.
Em primeiro lugar, gostaria de afirmar que a política de refugiados e a política de imigração são duas
políticas diferentes, que gostaria de separar.
Em relação à política de refugiados, gostaria de destacar que Portugal — e está presente o Sr. Ministro Rui
Machete que poderá esclarecê-la sobre esta matéria — se pronunciou em todos os organismos internacionais
de que faz parte (a União Europeia, a Organização das Nações Unidas) sobre a sua disponibilidade para
receber parte destes refugiados, o que, aliás, já está a acontecer e que seguramente irá intensificar-se.
Só posso reafirmar o que foi dito pelo Governo quando foi confrontado com essa situação e posso também
confirmar o que foi dito em campanha eleitoral por todos os partidos com assento parlamentar — não estou a
referi-me, obviamente, a outros partidos que tenham posições mais extremistas. Portanto, gostaria que ficasse
clara, desde já, essa questão.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. JoãoRebelo (CDS-PP): — A Sr.ª Deputada Margarida Marques perguntou se vão continuar a ser
apresentados projetos de resolução que repitam o tema do processo de consolidação orçamental e do
aprofundamento da União Económica e Monetária, uma vez que também ontem essa matéria foi aqui discutida
relativamente a um outro projeto de resolução. Devolvo essa pergunta à Sr.ª Deputada. Aliás, na minha
intervenção, coloquei duas perguntas porque, neste momento, alguns dirigentes do Partido Socialista, que é
um partido essencial…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Era!
O Sr. JoãoRebelo (CDS-PP): — … a garantir a coesão nessas políticas, têm feito afirmações que não
batem certo com o que a Sr.ª Deputada acabou de dizer.
Também na minha intervenção citei um Sr. Deputado do PS que disse que estava à espera do contributo
do Bloco de Esquerda e do PCP para pensar na reforma que a NATO precisa. Ou seja, havendo dois partidos
que querem a dissolução e a saída de Portugal da NATO, que reforma é que a Sr.ª Deputada acha que se
pode fazer com estes partidos? Portanto, a pergunta fica para si, para o seu Grupo Parlamentar.