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21 DE NOVEMBRO DE 2015

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direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos

internacionais (…)».

Ora, o projeto de resolução apresentado ignora esse artigo da Constituição e nem uma única vez menciona

as palavras «paz» e «solidariedade», o que não deixa de ser surpreendente e até estranho. Só mostra as

escolhas e as omissões de quem apresenta este documento.

O mundo vive tempos muito difíceis e perigosos e a comprová-lo temos o recrudescimento de fenómenos

como a xenofobia, o racismo, as vagas migratórias de refugiados, que fogem das guerras e encontram pela

frente muros de arame farpado e cargas policiais, a proliferação das guerras civis e do terrorismo. E o exemplo

mais recente foram os trágicos acontecimentos dos atentados terroristas que ocorreram em Paris, no passado

dia 13 de novembro, perpetrados por monstros fanáticos às ordens do autodesignado Estado Islâmico. Toda

esta monstruosidade teve a condenação inequívoca e absoluta de todos nós há dois dias aqui, na Assembleia

da República.

Já percebemos que se encontra em curso uma escalada de violência. Não nos enganemos: qualquer

passo em falso, o avolumar do ódio e da guerra, a utilização do lema «olho por olho, dente por dente» só

conduzirá a mais sofrimento, a mais guerra, a mais vítimas inocentes.

O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Muito bem!

O Sr. JoãoVasconcelos (BE): — Não esquecemos o que se passou com as intervenções militares sob a

direção dos Estados Unidos da América e da NATO em países como o Iraque, a Líbia e o Afeganistão. A caixa

de Pandora abriu-se e o diabo passou a andar à solta: países completamente destruídos, proliferação das

guerras e do terrorismo, centenas de milhares de vítimas e centenas de milhares de refugiados.

Lembramo-nos bem da Cimeira das Lajes e onde estava a direita nessa altura: ao lado das mentiras que

justificaram a política das bombas. Um, foi premiado e fugiu para o exílio dourado de Bruxelas durante dois

anos, o outro, Paulo Portas, foi condecorado pelo Pentágono. Nós temos memória e não nos esquecemos! Há

algum pedido de desculpa que PSD e CDS queiram fazer ao País por este episódio vergonhoso?!

Sr.as

e Srs. Deputados, impõe-se, com urgência, que se cortem as fontes que financiam o Estado Islâmico,

que acabe a compra do petróleo, que se acabem com os paraísos fiscais onde passeia o dinheiro para a

compra de armas.

O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o seu tempo, Sr. Deputado.

O Sr. JoãoVasconcelos (BE): — Vou já terminar, Sr. Presidente.

Torna-se necessário ir às fontes de financiamento e comércio e cortar o mal pela raiz. Sobre esta matéria,

o projeto de resolução em discussão também é omisso. Muitas das armas dos jihadistas são europeias,

americanas, russas, israelitas e, para além disso, há que questionar o papel de países como a Arábia Saudita,

outras monarquias do Golfo Pérsico e até a própria Turquia neste conflito. Onde está a coragem para isso?

O Sr. Presidente: — Peço-lhe que termine, Sr. Deputado.

O Sr. JoãoVasconcelos (BE): — Vou já terminar, Sr. Presidente.

O bombardeamento de retaliação é sempre o mais fácil, mas já provou muitas vezes ser a resposta errada.

Vamos continuar a cometer esse erro?

O Bloco de Esquerda está, como sempre esteve, disponível para todos os debates sérios, mas não foi isso

que nos foi proposto por este projeto de resolução. Por isso, sem surpresa, ele merecerá a nossa reprovação.

Mas desenganem-se aqueles que querem tirar ilações internas desta votação no que toca à resposta do Bloco

à urgência social que se vive no País.

Para o PSD e o CDS direi, como se refere na gíria popular, «tirem daí o cavalinho da chuva!».

Aplausos do BE.