I SÉRIE — NÚMERO 14
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geneticamente modificados vegetais (BE), 70/XIII (1.ª) — Elimina a requalificação de docentes (BE), 71/XIII
(1.ª) — Consagra um regime de seleção de produtos alimentares em cantinas e refeitórios públicos (PS) e
72/XIII (1.ª) — Altera o Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 78/87, de 17 de fevereiro,
eliminando a possibilidade de julgamentos em processo sumário para crimes puníveis com pena de prisão
superior a 5 anos (PS).
É tudo, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos dar início à ordem do dia, em que, para além de declarações
políticas, serão apreciadas duas petições.
Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado José Moura Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Reúne-se amanhã a Comissão
Permanente de Concertação Social e na agenda deste primeiro encontro após as eleições configura a
discussão sobre o aumento do salário mínimo nacional. A discussão parte de um pressuposto que é claro —
este é um tempo novo de recuperação dos rendimentos de quem trabalha.
Nos últimos anos, o mundo do trabalho transformou-se numa selva, com a precariedade e o abuso como
regra das relações laborais. Portugal tem, além do mais, níveis de desigualdade ultrajantes e continuamos a
registar taxas de pobreza das mais elevadas de toda a Europa.
Os cortes nos salários e nas pensões, o aumento dos impostos sobre o trabalho, o aumento da
precariedade e do desemprego e a contração da economia acentuaram essa desigualdade nos últimos quatro
anos. Confrontamo-nos, por isso mesmo, com uma urgência. O tempo novo que vivemos é o tempo da
reparação das humilhações e das injustiças a que os trabalhadores têm estado submetidos.
Aplausos do BE e de Deputados do PS.
A taxa de pobreza entre os trabalhadores é de 10,7%, maior ainda para as mulheres. Ou seja, um em cada
dez trabalhadores ganha tão pouco que é pobre e, mesmo tendo um emprego, não consegue sair do limiar da
pobreza. Que o trabalho não permita escapar à miséria é uma indignidade que não podemos aceitar e que nos
ofende.
É neste contexto, Sr.as
e Srs. Deputados, que se faz o debate sobre o salário mínimo.
Para a direita, já sabemos: a economia do País deve assentar na competição por salários de miséria. Foi
essa a sua regra e a sua obsessão durante os últimos quatro anos, tendo, aliás, conseguido a proeza de
baixar 300 € o valor do salário médio em Portugal.
Durante três anos, a direita manteve o salário mínimo congelado, achando normal que arranjar um
emprego fosse uma condenação à pobreza.
Pedro Passos Coelho, que hoje está sentado na bancada da oposição, chegou mesmo a dizer, no verão de
2013, quando confrontado com a proposta de subir o salário mínimo, que — e cito — «a medida mais sensata
quando um País enfrenta níveis elevados de desemprego é fazer o oposto», dando o exemplo da Irlanda, que
tinha proposto diminuir o valor do salário mínimo.
Depois de três anos de congelamento nominal e de diminuição real, em vésperas de eleições o Governo
anterior atualizou o valor do salário mínimo para os níveis em que era suposto ele ter estado já em 2011,
financiando-o parcialmente com verbas da segurança social. No seu programa eleitoral do verão passado, a
proposta era mantê-lo congelado.
Felizmente, nas últimas eleições, o País libertou-se da direita, do seu Governo e do seu programa.
Hoje, o debate é outro porque é outra a maioria. Por isso mesmo, há mais de um milhão de trabalhadores
que pode contar agora com uma garantia: o seu salário vai subir já em 2016 e atingirá, pelo menos, 600 €
nesta Legislatura.
Juntando áreas como o comércio, a indústria, a restauração e a agricultura, é a mais de um milhão de
pessoas que se fará justiça, nomeadamente aos mais jovens que ficaram no País e cuja esmagadora maioria
ganha hoje o salário mínimo.
Aplausos do BE e de Deputados do PS.