I SÉRIE — NÚMERO 20
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deverá ser apurado: os erros de gestão que levaram à intervenção pública, os contornos dessa intervenção, a
gestão destes três anos e a solução de resolução. E já agora, Sr. Ministro, espero que os relatórios dessa
comissão de inquérito que venham a ser aprovados tenham a mesma abrangência, em termos de votação,
que tiveram os relatórios do BPN e do BES na última Legislatura.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Já estão a querer seguros de vida!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Isto porque, existindo uma maioria absoluta, o Partido Socialista viabilizou
esses dois relatórios, tal era a seriedade dos mesmos, e espero que o mesmo venha a acontecer com esta
comissão de inquérito.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Mas hoje estamos aqui, Sr. Ministro, não para fazer essa avaliação global mas para fazer a avaliação da
sua decisão, da decisão do Governo, porque é uma proposta do Governo que está, aqui, em cima da mesa.
Sabemos que a decisão da resolução coube ao Banco de Portugal. É bom que isso tenha sido reconhecido
pelo Governo, porque, no passado, nem sempre reconheceram, enquanto eram membros do Partido Socialista
somente.
Vozes do PSD: — Muito bem! Bem lembrado!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Mas o modelo da decisão é sua. E no modelo desta decisão há
esclarecimentos que devem ser prestados, Sr. Ministro.
Primeiro, existiram várias propostas em cima da mesa, fala-se em seis. Quem são? E por que é que
escolheu esta em detrimento de outras? Porquê o Santander em detrimento de outras? Esta explicação tem
de ser dada.
Segundo, o Santander foi a opção escolhida, mas estão salvaguardados os postos de trabalho? Sabemos
que são salvaguardados os direitos legais,…
Vozes do PS: — Oh!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — … mal seria, porque estamos num Estado de direito, mas na resolução
anterior, por exemplo, na privatização do BPN, ficou assegurado quantos postos de trabalho a entidade
compradora iria assumir.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Que belo exemplo!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — E agora? Há esse compromisso firme? E quanto às exigências, Sr.
Ministro? Está firme, também, que o Santander vai permanecer com as agências, quer nas ilhas, quer na
diáspora? São decisões que não estão esclarecidas e que o Sr. Ministro nos deve explicar.
Mas há aqui ainda uma outra decisão que, ontem, depois de algumas horas, o Sr. Ministro não nos
conseguiu esclarecer. O Fundo de Resolução é reforçado, mas é reforçado exclusivamente com capitais
públicos; há um ano, o sistema financeiro foi chamado a reforçar os capitais do Fundo de Resolução, mas,
agora, isso não aconteceu.
Sabemos que o sistema financeiro não fez esse reforço a seu bel-prazer, fê-lo porque houve pressão para
que isso assim acontecesse, para que não fosse só o erário público a suportar esse reforço.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Exatamente! Agora fez-se ao contrário!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Agora, esse reforço é zero, é um reforço exclusivamente à custa dos
contribuintes. E esta repartição de custos, Sr. Ministro, é algo que é uma decisão vossa e que deve ser
explicada a todos os portugueses.