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I SÉRIE — NÚMERO 29

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Com que cara é que é possível apresentar mais esta fatura ao povo, depois do BPP, depois do BPN,

depois do BES?

Dizia um relatório do próprio BCE que, ao todo, já foram 19 500 milhões de euros injetados nos bancos

desde 2011.

Para se ter uma ideia, 19 500 milhões de euros pagavam mais do que todo o SNS durante dois anos.

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Exatamente!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — O Sr. Deputado Duarte Marques disse aqui ontem, não sei se por lapso

ou por descuido, que o Estado investiu dinheiro na banca, e eu acho que tocou no ponto essencial. Este lapso

ou esta distração é o ponto essencial da discussão. É que o Estado poderia, de facto, ter usado este dinheiro

para limpar o sistema bancário, para controlar estrategicamente a banca, para que a banca pudesse cumprir o

seu desígnio constitucional, aliás, de ter uma finança ao serviço da economia e uma economia ao serviço do

País.

Vozes do BE: — Muito bem!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — E aí, sim, o Sr. Deputado Duarte Marques teria tido razão, teria sido

investimento, investimento para ter uma banca ao serviço do povo e ao serviço do País.

Mas não foi isso que foi feito. O que foi feito foi enterrar a fundo perdido milhares de milhões de dinheiro

público em bancos falidos que foram, depois, entregues a outros bancos a preço de saldo.

Vozes do BE: — Exatamente!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — E os Srs. Deputados que permitiram que estas operações

acontecessem até podem achar, honestamente, que estão a solucionar um problema, mas é evidente que não

estão, estão a alimentar um monstro que será sempre grande demais para falir.

Por isso, Srs. Deputados, antes de entrarmos especificamente no caso Banif, podemos antecipar uma

conclusão. É verdade que os culpados da má gestão são os banqueiros e são os gestores. Foi assim no BES,

foi assim no BPP, foi assim no BPN e será assim no Banif. Mas tão ou mais responsáveis são aqueles que

deixam os banqueiros fazer o que bem entendem e estão cá sempre dispostos a pagar o cheque com o

dinheiro dos contribuintes.

São tão ou mais responsáveis que os banqueiros!

Aplausos do BE.

Entrámos agora em janeiro de 2016 e podemos concluir que o cheque do Banif foi, mais uma vez, pesado:

3000 milhões de euros para entregar um banco limpo ao Santander. E alguém tem de ter responsabilidades

nisto! Não podemos continuar a assistir a este jogo infantil de ter o Banco de Portugal a atirar as culpas para a

Comissão Europeia, a Comissão Europeia a atirar as culpas para o anterior Governo, o anterior Governo a

atirar as culpas para o atual Governo, o atual Governo a dizer, dois meses depois, que ficou sem soluções e a

administração do Banif a dizer que a culpa é do Banco de Portugal. Não podemos mais permitir este passa-

culpas, em que se chega ao fim e ninguém é responsável, ninguém dá a cara pelas decisões que foram

tomadas.

E há perguntas que precisam de resposta. O que é que motivou a injeção de 1100 milhões de euros no

Banif em janeiro de 2013? Como é que foi possível, ao anterior Governo, controlar a maioria do capital do

Banif durante três anos e contentar-se com a nomeação de um administrador não executivo, que ia ver as

vistas ao Banif, sem nunca ter tido uma intervenção de facto no papel do Banif? Como é possível — e as

cartas vão aparecendo — termos assistido a oito planos de reestruturação, todos eles chumbados por

Bruxelas, enquanto Bruxelas enviava sucessivas cartas ao Governo, a dizer «transformem os CoCo

(contingent convertible bonds) em capital do Banco, controlem o capital do Banco, transformem o Banco num

banco regional, liquidem o Banco». Foram várias as propostas! O problema é que o Governo ignorou todas e,

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