23 DE JANEIRO DE 2016
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enquanto ignorou todas, veio dizer ao povo: «Não se preocupem que o Banif está seguro, o dinheiro será
devolvido».
Todos nos lembramos de como Passos Coelho veio a público pôr a Caixa Geral de Depósitos em causa —
teve a ousadia de colocar a Caixa Geral de Depósitos em causa, em público! —, porque não devolveu o
dinheiro que tinha sido injetado, e agora sabemos que, ao mesmo tempo, tinha lá o caso do Banif na
secretária e nunca o disse em público, sempre protegeu o Banif, sempre quis fingir que não existia um
problema.
Aplausos do BE e de Deputados do PS.
E, Srs. Deputados, enquanto o faziam, enquanto deixavam o relógio a contar, segundo a segundo, até ao
prazo final, o Banif emitiu dívida e capital. E havia pessoas que acreditavam que estava tudo bem no Banif e
que compraram essa dívida e esse capital.
Qual é a responsabilidade de um Governo que sabe que tudo está mal e não só não diz o que se passa
como também não faz nada para mudar a situação?! Essa é uma responsabilidade que tem de ser apurada.
Tem de ser apurada!
Mas também podemos e devemos apurar as responsabilidades da solução que foi encontrada. Como é que
foi possível chegar a esta situação? E a pergunta que todos fazem é esta: como é que 1100 milhões se
transformam em 3000 milhões de euros? Que outras soluções existiam? Qual é o valor real do Banco? Quem
é que, de facto, ordenou esta situação?
Srs. Deputados, eu ia fazer esta pergunta ao Partido Socialista — não posso deixar de a fazer: o que é
isto? Como é que o Banco de Portugal nos diz que tomou uma decisão para vender o Banif ao Santander no
dia 20 de dezembro, ainda não tinha terminado o prazo — foi isto que nos foi dito —, e nós, hoje, abrimos um
jornal e ficamos a saber que há um mail da Comissão Europeia para o Ministro das Finanças, no dia 19, a
dizer que a Comissão Europeia já decidiu, que a Comissão Europeia foi muito clara e, por isso, recomenda
que nem sequer se perca tempo com as outras propostas e que a Comissão Europeia vai começar a trabalhar
diretamente com o Santander, assim que as autoridades estiverem prontas para preparar este processo. O
que é isto? O que é uma Comissão Europeia, que passa por cima de um Governo, que passa por cima do
Banco de Portugal e que decide, antes de o Banco de Portugal decidir, o que Portugal faz com o seu sistema
bancário e como é que Portugal injeta 3000 milhões no seu sistema bancário?!
Protestos do PSD.
Srs. Deputados, estão tão, tão, tão encalhados nas responsabilidades que têm que, mal ouvem uma
pergunta ao PS, ficam logo entusiasmados. Tenham calma! Tenham calma!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Não é uma bóia!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — É que as responsabilidades do Partido Socialista não ilibam as
responsabilidades do PSD e do CDS! Não ilibam! Não pensem que ilibam, porque não ilibam!
Aplausos do BE e de Deputados do PS.
Protestos do PSD.
Srs. Deputados, a última pergunta que é preciso fazer e o último ponto que é preciso esclarecer é o futuro.
E esta é a pergunta mais cética que fazemos: e o futuro?
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Termino, Sr. Presidente.