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29 DE JANEIRO DE 2016

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O Sr. Moisés Ferreira (BE) — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Se cobrirmos a realidade com um

manto de propaganda, não estamos a fazer nada para melhorar a vida das pessoas, estamos apenas a repetir

a receita do PSD e do CDS no que à saúde diz respeito.

Com esse manto de propaganda com que nos têm brindado debate após debate, cobre-se tudo e esconde-

se tudo.

Ficámos a saber que na saúde não houve cortes, apesar de o Serviço Nacional de Saúde estar

subfinanciado; que não houve redução do pessoal, apesar de faltarem médicos e enfermeiros em todos os

hospitais; que não houve redução no número de camas, apesar de elas terem desaparecido e os hospitais não

terem acesso a elas.

Diz o PSD e o CDS que não houve rutura nos hospitais, o que se passou foi que — veja-se lá! — os

doentes, por estarem doentes, quiseram aceder a serviços de saúde em hospitais públicos.

Ora, isso seria verdade se quiséssemos contornar e ignorar a realidade, cobrindo-a com esse manto de

propaganda. O que as pessoas precisam, o que as pessoas querem, o que as pessoas exigem de nós não é

que ignoremos a realidade, mas que a mudemos para a melhorar.

E é isso mesmo que queremos.

Por isso é que o Bloco de Esquerda apresenta e traz a este Plenário um projeto para que se faça um

levantamento de todas as necessidades do Serviço Nacional de Saúde e para que se intervenha de forma

urgente nos serviços com falhas graves ou em potencial rutura.

É por isso que dizemos que a austeridade não foi uma poupança, foi, isso, sim, um corte cego que custou,

e ainda pode vir a custar, muito caro à saúde dos portugueses.

Custou caro porque, há um ano, os serviços de urgência entraram em rutura e o internamento não deu

resposta à procura. Continua a custar caro hoje porque existem vários hospitais no limite das suas

capacidades porque, nos últimos quatro anos, o anterior Governo levou a uma sangria de profissionais e a um

subfinanciamento crónico do Serviço Nacional de Saúde. Custou muito caro porque um doente com uma

rutura de aneurisma morreu durante um fim de semana por falta de assistência médica.

A austeridade custou muito caro por todo o País!

Custou muito caro no Algarve, onde a falta de especialistas, nomeadamente, em anestesia e em ortopedia

faz com que as operações consideradas urgentes demorem semanas a ser executadas.

Custou muito caro no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, onde a lista de espera para a hematologia chega

a ser de dois anos e onde há um verdadeiro corredor de ambulâncias entre Aveiro e Coimbra por falta de

especialistas.

Custou muito caro no interior do País porque o pagamento do transporte de doentes tornou o acesso à

saúde muito difícil para todas as pessoas.

Custou caro em todo o País, em todos os distritos, em todos os concelhos, um a um.

Mas nós não estamos cá para esconder esta realidade, estamos cá para a alterar e por isso propomos,

Sr.as

e Srs. Deputados, que se proceda a um levantamento de todas as necessidades existentes no Serviço

Nacional de Saúde, que se atue imediatamente sobre essas falhas, com prioridade para aquelas que

impossibilitam respostas em casos urgentes.

É assim que queremos que se proceda. Não queremos esconder a realidade, mas melhorá-la

consecutivamente.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Simão Ribeiro.

O Sr. Cristóvão Simão Ribeiro (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Discutimos hoje duas

iniciativas nesta Câmara, uma do PCP e outra do Bloco de Esquerda, em que fundamentalmente se

recomenda ao Governo a identificação do impacto nos cortes no sistema nacional de saúde, bem como o

levantamento das necessidades deste mesmo sistema público de saúde.

Sr.as

e Srs. Deputados, o anterior Governo nunca negou que a crise em que o Partido Socialista mergulhou

o País em 2011 afetou o Serviço Nacional de Saúde; bem pelo contrário. No entanto, Srs. Deputados, em