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23 DE FEVEREIRO DE 2016

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A Sr.ª CecíliaMeireles (CDS-PP): — Sr. Deputado, era preciso ter metido estes dois factos, que, embora

lhe possam parecer pequenos, foram conseguidos com muitos sacrifícios e esforço de muitos portugueses, o

que foi bastante relevante.

Quando se percebeu que isto não estava bem a funcionar e o que era exatamente o Orçamento, então,

criou-se a segunda narrativa, que é a narrativa dos inimigos. O Sr. Deputado falou abundantemente dela na

sua intervenção. Disse que se havia alguém a fazer perguntas era porque não era patriota e que se havia

alguém que discordava não era porque estava contra o PS, mas porque estava contra Portugal.

Mais: o Sr. Deputado também disse, da tribuna, que aqueles que discordam, aqueles que não gostam são

conspiradores com o estrangeiro. Sr. Deputado, tem noção da gravidade do que disse? Fico sem perceber o

que é grave: se o Sr. Deputado considera que quem discorda de si é um conspirador ou se é um conspirador

quem o faz com o estrangeiro.

Sr. Deputado, creio que devemos ter algum cuidado. Eu tinha ideia de que — e não digo que o PS seja um

partido europeísta — ser estrangeiro não é defeito e discordar de si não é antipatriotismo, é simplesmente não

concordar consigo por entendermos que as nossas ideias defendem melhor o nosso País.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

A isto chama-se democracia. Democracia! E não me parece que o horror ao estrangeiro seja uma

característica muito democrática. Esperava algo diferente vindo do Sr. Deputado. Com franqueza!

Terceira narrativa: «vamos ser algo criativos com o Português» — estou a utilizar um eufemismo,

obviamente, pois não é bem disto que se trata. Vou, portanto, lembrar algumas frases suas.

O Sr. Deputado disse que, de um lado, estariam os impostos sobre o trabalho e, do outro, os impostos

especiais, que, na sua opinião, já não são impostos sobre o trabalho. Sr. Deputado, sobre esses impostos

especiais que tributam o consumo, não lhe parece que os rendimentos que são utilizados nesse consumo são

conseguidos com o trabalho? O senhor não acha que alguém que trabalha e que ao fim de semana vai

passear no seu carro, que comprou com o suor do seu trabalho e com muito sacrifício, o dinheiro que gasta

quando mete gasóleo é fruto do rendimento do trabalho desta pessoa?

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

A Sr.ª CecíliaMeireles (CDS-PP): — Dizia o Sr. Ministro das Finanças: «Não gosto da palavra

austeridade, prefiro a palavra restrições». Bom, e eu, ingenuamente, perguntei a mim própria: «Não estaremos

os dois a falar da mesma coisa?» Se calhar, estamos! A diferença está no modo como chamamos.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Pois é!

A Sr.ª CecíliaMeireles (CDS-PP): — Sr. Deputado João Galamba, não vou falar de pérolas, como é o

caso da expressão «impostos amigos da economia». Algures, num debate, ouvi essa expressão, mas já não

me lembro quem é o seu autor.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

O Sr. JoãoGalamba (PS): — O autor é Passos Coelho!

A Sr.ª CecíliaMeireles (CDS-PP): — Mas há uma pérola sobre a qual não resisto falar. Ouvi, durante

quatro anos, falar em cortes, cortes, cortes. Agora, pelos vistos, já não há cortes, há uma coisa chamada

«poupanças sectoriais».

Risos do CDS-PP.

E nós perguntamos: «Estas poupanças são o quê?». Dizem-nos: «Ah, são poupanças sectoriais, são muito

boas, são muito virtuosas».

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