I SÉRIE — NÚMERO 64
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A Sr.ª RitaRato (PCP): — A Sr.ª Deputada Assunção Cristas vem aqui dizer que o problema não tem nada
a ver com o CDS e que estão aqui para consensos.
Sr.ª Deputada, o PCP quer dizer, com muita franqueza, que não entende as questões da natalidade, da
maternidade e da paternidade inseparáveis das condições de vida das famílias.
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Se as famílias não têm filhos não é porque não querem, Sr.ª Deputada. Se
perguntar às famílias portuguesas por que é que não querem ter filhos ou mais filhos, elas dizem: «Queremos,
mas não podemos, porque não temos dinheiro, porque o salário mal chega para dois quanto mais para três,
para quatro ou para cinco». Neste País, as famílias com crianças são as que estão em maior risco de pobreza.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Por isso mesmo, Sr.ª Deputada, gostaríamos de dizer que — e estas são as
propostas que apresentamos —, da parte do PCP, cá estaremos para, no passado como no presente, defender
a melhoria das condições de vida, dos direitos de maternidade e para propor, pela quinta vez, a licença
específica de prematuridade, que o CDS chumbou quatro vezes.
Veja-se bem que o CDS acordou agora para o problema da natalidade!
Da nossa parte, cá estaremos com as famílias portuguesas a lutar por um País mais justo em que a
natalidade, a maternidade e a paternidade não sejam vistas pelas empresas como obstáculos mas como direitos
que fazem parte do regime democrático.
É para isso que cá estamos e é nesse combate que estaremos.
Aplausos do PCP, de Os Verdes e de Deputados do PS.
O Sr. Presidente: — A Mesa não usou nenhum sistema de tolerância porque o tempo desconta no tempo
global do respetivo grupo parlamentar.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Nilza de Sena.
A Sr.ª NilzadeSena (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Assunção Cristas,
começo por cumprimentar o CDS por trazer a debate um tema absolutamente central para o nosso futuro
coletivo.
Sabemos que as dinâmicas populacionais representam um dos importantes desafios estruturais com os quais
a sociedade portuguesa se confronta.
A incerteza quanto à evolução dos principais indicadores leva a que tenhamos de ter uma reflexão estratégica
nesta área e exige, da parte dos agentes políticos, uma estratégia que seja convergente e que defina políticas
públicas ajustadas.
A situação portuguesa é, de facto, uma das mais preocupantes no domínio comunitário, só equiparável aos
países bálticos, como a Letónia e a Lituânia, ou mesmo aos países do leste, como a Roménia e a Bulgária. Esta
situação preocupa-nos muito.
Mas estes problemas não remontam apenas aos últimos anos ou à última Legislatura. Este processo tem
atravessado várias legislaturas desde o decénio de 90, como se comprova, aliás, pelo decréscimo de
nascimentos e pelo índice de envelhecimento patentes em todas as estatísticas sobre esta matéria.
É verdade — convém lembrar — que, até aos anos 70, os países do sul eram o berço da Europa, e Portugal
inclusive. Em 1970, Portugal tinha o índice de envelhecimento mais baixo. Hoje, é o sexto País mais envelhecido
do mundo e o quinto a nível europeu. Isto deve fazer-nos pensar e agir.
O PSD tem estado comprometido com esta matéria desde o início, quer na sua matriz identitária e, diria
mesmo, na sua génese programática, quer na sua ação governativa, inclusive a do último Governo.
Nesse sentido, a discussão sobre o conjunto de propostas que o CDS apresenta hoje é pertinente, sendo
que o PSD considera que há um conjunto de matérias que devem ser objeto de reflexão.