O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

14 DE MAIO DE 2016

9

Começamos, agora, a entrar na fase em que já não fazemos previsões, em que já não estamos apenas a

discutir aquilo que estrategicamente o Governo propôs para futuro com base nas suas previsões, e começamos

a contrastar com a realidade.

E a realidade desta semana veio mostrar que, do ponto de vista do desemprego, se confirma a destruição

líquida de emprego. No primeiro trimestre deste ano a destruição líquida de emprego foi superior à previsão de

criação de emprego que o Governo fazia para todo o ano de 2016. De facto, mais de 40 000, quase 45 000

postos de trabalho, em termos líquidos, foram destruídos durante o primeiro trimestre deste ano.

Não há dúvida que as exportações líquidas continuam a cair e as exportações de bens mostraram uma queda

significativa.

A formação bruta de capital fixo (FBCF), o investimento, caiu abruptamente — isso hoje é claro na estimativa

rápida que o INE publicou.

Quer dizer, como o Governo tinha previsto, o consumo interno continua a progredir, a sustentar alguma

retoma, mas todos os outros fatores, que são decisivos para dar sustentabilidade ao crescimento, estão em

queda.

Diz o Primeiro-Ministro — disse-o ainda agora — que é verdade, mas que no segundo semestre do ano

passado já havia uma perda de gás nessa recuperação. Mas, Sr. Primeiro-Ministro, o investimento, que era

crítico para o futuro, estava a subir, não estava a cair a pique.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — E isso é o mais importante, no médio e no longo prazo. É que o

dinheiro do consumo esgota-se rapidamente, mas o investimento é reprodutivo e perdura por vários anos e cria

postos de trabalho.

O meu ponto de vista é que há postos de trabalho que estão a ser destruídos porque há investimento que

está a cair a pique. O que confirma a estratégia do Governo, que, no entanto, o Governo considerava que seria

muito positiva, mas, como se está a ver, não é.

O Governo tinha a hipótese, se via algum problema no caminho que estava a ser seguido no ano passado,

de corrigir. Mas ainda no último debate quinzenal o Primeiro-Ministro veio dizer que não havia problema nenhum,

que a economia já vinha a perder gás no segundo semestre mas que não iria mexer nas previsões para este

ano.

Pois bem, Sr. Primeiro-Ministro, hoje, os dados divulgados pelo INE são muito claros: com o declínio do ritmo

de crescimento, quer em cadeia quer em termos homólogos — porque, em termos homólogos, só cresceu 0,8%

e, em cadeia, só cresceu 0,1% —, isto significa que, se nos próximos três trimestres a economia crescer em

cadeia 0,5%, ainda assim, o crescimento, no final do ano, não superará 1,2%.

Quer dizer, se hoje formos particularmente otimistas para o crescimento nos trimestres seguintes, ainda

assim, ficaremos consideravelmente longe daquilo que era a meta proposta pelo Governo.

Agora já não estamos a falar de meras previsões ab initio; agora, já começamos a entrar naquele terreno em

que depois já não há muito tempo para fazer correções, Sr. Primeiro-Ministro. Depois, lá para o fim, não há de

haver uma surpresa externa a ditar um mau resultado. Agora, já se começa a ver que haverá um mau resultado

este ano, se o Governo não corrigir a trajetória.

Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, uma vez que estes dados hoje são objetivos e não estamos a disputar

previsões nem intenções para futuro, uma vez que a economia não tem uma capacidade infinitamente elástica

para crescer no futuro e assumindo que crescerá muitíssimo mais em todos os trimestres seguintes, cinco vezes

mais, do que cresceu no primeiro trimestre e ainda assim ficará muito longe do objetivo do Governo, nem o

défice nem a dívida serão objetivos alcançados este ano pelo Governo e pelo País, infelizmente, se alguma

coisa não mudar.

Sr. Primeiro-Ministro, enquanto é tempo, o que é que vai mudar?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

Páginas Relacionadas
Página 0051:
14 DE MAIO DE 2016 51 infertilidade constitui uma exceção a este princípio, que se
Pág.Página 51
Página 0052:
I SÉRIE — NÚMERO 68 52 Na verdade, o Regimento permite que, em escass
Pág.Página 52