19 DE MAIO DE 2016
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Para nós, para o PS, defender a qualidade de vida dos cidadãos e a saúde pública é uma prioridade. Colocar
as pessoas em primeiro lugar é sempre a nossa principal política. Por isso, a nossa ação política, e estaremos
sempre aqui, é defender em primeiro lugar as pessoas.
Aplausos do PS e do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Renato Sampaio, tem a
palavra o Sr. Deputado Pedro Pimentel.
O Sr. Luís Pedro Pimentel (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Renato Sampaio, passado apenas pouco
mais de um mês sobre o debate neste Plenário em que foram discutidos três projetos de resolução da esquerda
radical, que recomendavam ao Governo a proibição total da utilização do glifosato no território nacional, o Bloco
de Esquerda apresenta uma nova iniciativa relativamente a este assunto.
O que nos surpreende neste debate é que o Bloco de Esquerda tenha recorrido a uma lei, restringindo à
aplicação de produtos fitofarmacêuticos contendo glifosato, quando no passado recente pretendia alargar essa
mesma aplicação.
Contudo, neste debate difere o objeto, como, aliás, já aqui foi apontado pelo meu colega do PSD. Desta vez,
o Bloco de Esquerda, embora não tenha tido a sensatez de incorporar as mais recentes conclusões da
comunidade científica, continuando por isso parcial e populista, restringe, de forma atabalhoada, a proibição de
utilização do glifosato em zonas públicas de lazer e em vias de comunicação.
Ora, como se devem recordar, foi precisamente esta limitação que o PSD considerou ponderável, no último
debate ocorrido aqui, em abril. Defendemos que é nas zonas urbanas, da responsabilidade do poder autárquico,
que se deve iniciar a eventual redução desta substância química, mas de forma faseada, testando alternativas
e de modo voluntário, pelas autarquias. Continuamos a acreditar na ciência e nas instituições internacionais que
zelam pela saúde pública.
Neste sentido, não julgamos ser útil esta proibição generalizada a todo o glifosato, perante as conclusões da
comunidade científica especializada. Se assim é, não reconhecemos que a proibição desta iniciativa deva ser
imposta de modo radical às autarquias. Entendemos, sim, que esta ação deve ser feita de forma voluntária,
minimizando os custos acrescidos que o fim do glifosato iria provocar.
Contudo, Sr.as e Srs. Deputados, gostaríamos de perceber a posição do Partido Socialista neste debate.
Pergunto aos Srs. Deputados do Partido Socialista se se sentem confortáveis com as afirmações do Sr.
Ministro da Agricultura, que confia nas instituições próprias que reiteram que o glifosato não representa risco
para a saúde pública, ou se acompanham o seu parceiro de coligação, o Bloco de Esquerda, nesta proibição.
Está, ou não, o PS disponível para aprovar esta proibição e aumentar exponencialmente os custos das
autarquias na gestão dos espaços verdes — ao contrário do que era defendido pelo atual Governo socialista,
pelo menos até ao passado domingo —, bem como os custos da manutenção dos caminhos rurais e das
limpezas obrigatórias das faixas junto dessas vias? Estão os Srs. Deputados cientes de que a proibição de
glifosato conduzirá necessariamente à aplicação de substitutos em quantidades muito superiores para a
obtenção dos mesmos resultados?
Por outro lado, rejeitam esta proibição radical, revendo-se na medida do Ministério da Agricultura em proibir
substâncias químicas como taloamina, ao invés da totalidade dos glifosatos? Ou ainda, pretendem não ter
opinião nenhuma, como o Primeiro-Ministro aqui declarou no último debate quinzenal, reservando a decisão
para a unanimidade dos restantes países da União Europeia, perdendo assim uma grande oportunidade de
apoiarem o vosso Ministro da Agricultura?
Sr.as e Srs. Deputados, este é um debate político, mas o tema é puramente técnico. É um erro se as decisões
políticas, em matérias como esta, deixarem de se guiar por pareceres técnicos e científicos emitidos por
entidades credenciadas e de referência a nível internacional e passarem a estar baseadas apenas em
preconceitos ideológicos e em oportunismos políticos.
Aplausos do PSD.
Neste momento, reassumiu a presidência o Presidente, Ferro Rodrigues.