I SÉRIE — NÚMERO 17
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O Sr. CarlosAbreuAmorim (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. JorgePauloOliveira (PSD): — A UNEP (United Nations Environment Programme) e a OCDE
consideraram o Compromisso para o Crescimento Verde, como sabe, aprovado também em 2015, como o
exemplo de liderança a seguir por outros países.
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, depois de Os Verdes terem apoiado o atual Governo no maior corte de que
há memória às energias renováveis, depois de Os Verdes terem apoiado o atual Governo na reversão dos
incentivos à fiscalidade verde, não deixa de ser curioso que sejam exatamente Os Verdes a trazer a debate as
questões do combate às alterações climáticas.
Por isso, Sr.ª Deputada, pergunto-lhe o seguinte: vão Os Verdes, por mero revanchismo, por mero
ressentimento, continuar a defender e apoiar a reversão e a destruição das reformas que implementámos no
passado e com o sucesso que é conhecido?
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, também lhe pergunto o seguinte: vão Os Verdes continuar a fazer juras de
amor no combate às alterações climáticas, proclamações de amor na defesa dos valores do meio ambiente,
para depois votar contra as energias renováveis porque, veja-se, são caras, para depois votarem contra a
fiscalidade verde porque é impopular ou ainda votar contra a mobilidade elétrica porque é burguesa?
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro
Soares.
O Sr. PedroSoares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, agradeço o facto de ter trazido
este assunto a Plenário, o que, de certo modo, prolonga o debate profundo que tivemos ontem na Conferência
convocada pela Comissão a que ambos pertencemos e que se prende precisamente com a problemática das
alterações climáticas e com a realização da próxima COP 22 já no próximo mês, em Marraquexe.
Partilhamos a preocupação relativamente aos resultados do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.
Basta reparar que o conjunto dos compromissos dos vários países relativamente à redução das emissões de
gases com efeitos de estufa leva a que a temperatura média do planeta aumente mais de 3 ºC, em vez da meta
definida pelo Acordo de Paris, que seria entre 1,5 ºC e 2 ºC.
Ou seja, o Acordo de Paris, apesar de ser um passo importante na luta contra os problemas e os riscos
gerados pelas alterações climáticas, dá poucas garantias relativamente ao cumprimento das metas que aí foram
colocadas, o que demonstra ainda a enorme resistência sobretudo dos países mais desenvolvidos, dos países
mais industrializados, dos países que mais poluíram ao longo das últimas décadas para se comprometerem com
metas no sentido da descarbonização das economias e das sociedades.
Este, de facto, é um problema central das nossas sociedades, não é um problema de Portugal, não é um
problema do debate parlamentar entre oposição e Governo ou maioria parlamentar, e é um problema da
humanidade, é um problema do planeta. Por isso, não queremos reduzir esta questão a uma mera lógica do
debate, do confronto partidário.
No entanto, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, há dois problemas que gostaria que comentasse.
Primeiro: sabemos que as cidades, hoje, produzem cerca de 60% do consumo de energia de todo o planeta,
70% das emissões de gases com efeito de estufa e 70% dos resíduos de todo o planeta.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, pode concluir.
O Sr. PedroSoares (BE): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.
Não acha a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia que é fundamental que haja uma nova agenda de políticas
urbanas, de políticas para as cidades que não impliquem, por exemplo, o desinvestimento que foi feito nos
transportes públicos, o desinvestimento que foi feito na mobilidade verde e outras políticas do género que, de
facto, vêm agravar todos os problemas relacionados com as cidades?
Segundo — e termino, Sr.ª Presidente: Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, não acha que é uma contradição,
se o grande objetivo é o da descarbonização das economias e das sociedades, haver qualquer perspetiva de