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4 DE NOVEMBRO DE 2016

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Aplausos do PSD.

O Sr. João Oliveira (PCP): — A ex-Ministra das Finanças arrependeu-se tanto que não está cá para o ouvir!

O Sr. Miguel Morgado (PSD): — Mas ouvi atentamente a sua intervenção e as respostas que foi dando.

Sobre o cumprimento do seu mandato como Ministro das Finanças, queria começar por dizer-lhe uma coisa que

já lhe disse aqui noutra ocasião. Os maiores ativos que um Ministro das Finanças pode ter são a sua credibilidade

e o seu sentido de responsabilidade. Um Ministro das Finanças que troque isto por outra coisa qualquer fica

sem nada.

Vozes do PSD: — Exatamente!

O Sr. Miguel Morgado (PSD): — Porém, as suas intervenções práticas e retóricas, invariavelmente, são

marcadas por uma lógica de terra queimada e de sectarismo extremo, por uma sequência de truques,

mistificações e argumentos fantasiosos. E nem se apercebe como isso se vira contra si tão facilmente. Há pouco,

recomendou ao meu colega Deputado António Leitão Amaro que olhasse para o lado, presumivelmente para a

ex-Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque,…

O Sr. João Oliveira (PCP): — Ora vê como percebeu!

O Sr. Miguel Morgado (PSD): — … ou para o ex-Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho. Mas, repare,

compreendemos muito bem por que é que o senhor não olha para o lado: é que, ao seu lado, tem os ex-Ministros

do Governo de José Sócrates, que levaram o País à bancarrota.

Aplausos do PSD.

E se se recordar desse facto elementar, percebe que são os fantasmas. Sabe de quê? Da depressão

económica, do desemprego e — veja bem! — da emigração. Sem isso, ficava sem nada da sua retórica.

Mas, ainda ontem, neste Hemiciclo, o Sr. Ministro das Finanças brindou-nos com mais um momento lírico —

e não foi o seu primeiro momento lírico, pois provavelmente o seu primeiro momento lírico foi o do chamado

«plano Centeno», do qual evidentemente já não sobra qualquer rasto —, em que também, uma vez mais, não

percebeu como ele se virava contra si. Citando o maior poeta português, Camões, não percebeu que aqueles

versos, os versos que citou, davam toda a razão ao PSD para condenar a sua violação grave de um dever que

nenhum dos seus antecessores se atreveu a violar, o da mais elementar informação e transparência.

Protestos do PS.

Enfim, eu sei por que é que, apesar de os estar a ler em voz alta, não se apercebeu do significado dos versos.

É que, de si para si, o Sr. Ministro estava a dizer outros versos — que também são muitas vezes aqui declamados

interiormente por outros Deputados e por muitos Ministros, a começar pelo Sr. Primeiro-Ministro — que dizem

qualquer coisa como isto: «Se não queres assumir a responsabilidade da tua governação, ataca sem freios a

oposição». É nisto que nós estamos.

Aplausos do PSD e de Deputados do CDS-PP.

Mas deixe-me dizer-lhe que, apesar de eu ser um grande admirador de Camões, não me parece que a

referência literária se adeque aqui ao nosso debate de hoje. Deixe-me propor-lhe uma outra referência literária

— já que deu esse mote ontem, sinto-me autorizado a fazer a mesma coisa. A referência literária mais apropriada

para hoje, e para o seu mandato como um todo, é uma história, escrita há muitos anos e muito famosa, cujo

enredo básico todos conhecem, e intitulada O estranho caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde.

O Sr. João Oliveira (PCP): — E sobre o Orçamento do Estado não tem nada para dizer?!

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